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Há 22 anos, o Coldplay se consolidava no cenário da música mundial, com A Rush of Blood to The Head

Muito antes do Coldplay assumir uma guinada Pop e se estabelecer como uma banda de espetáculos coloridos em grandes estádios, o quarteto formado por Chris Martin (Voz/Piano), Guy Berryman (Baixo), Jonny Buckland (Guitarra) e Will Champion (Bateria) apostava em uma sonoridade mais alternativa que, mesmo sem seguir cartilhas para o sucesso, já agradava os ouvidos de muitas pessoas. Essa fase do grupo britânico é bem evidente no álbum de estreia Parachutes (2000) e, também, no trabalho seguinte A Rush of Blood To The Head – que, nesta segunda-feira (26/08), completa 22 anos de existência. Por este segundo lançamento estar aniversariando hoje, é sobre ele que nós iremos falar.

Embora hits como Yellow e Shiver tenham concedido prêmios, grande aclamação e ótimo desempenho comercial a Parachutes (especialmente no Reino Unido, onde o álbum foi 9 vezes ‘’Disco de Platina’’), o trabalho que consagrou, definitivamente, o Coldplay como um grande nome da música mundial foi A Rush of Blood to The Head. A partir dele, o quarteto deixou para trás o status de ‘’grupo-revelação’’ e mostrou que estava na cena musical para ficar.

Este segundo álbum possuía um repertório menos tímido e mais ambicioso do que Parachutes – fazendo maior uso de piano e guitarras elétricas e tendo o Soft Rock maximalista de nomes como U2, Radiohead, R.E.M e Jeff Buckley como principal fonte de inspiração. Os grandes carros-chefes do sucesso de A Rush of Blood to the Head foram os hits Clocks, The Scientist, In My Place e God Put a Smile Upon Your Face (quatro canções espetaculares que, até hoje, permanecem como algumas das melhores e mais aclamadas já lançadas pelo Coldplay), mas o álbum também possui ótimas faixas lado B, como Green Eyes e Politik.

A Rush of Blood to The Head vendeu cerca de 17 milhões de cópias ao redor do mundo, superando em 4 milhões as vendas de Parachutes. Além disso, esse segundo trabalho rendeu 3 Grammys ao Coldplay (‘’Melhor Álbum Alternativo’’, ‘’Melhor Performance de Rock’’, para In My Place, e ‘’Gravação do Ano’’, para Clocks) e figurou em diversas listas de Melhores Álbuns de 2002 publicados por grandes veículos midiáticos – chegando a ficar em primeiro lugar nos rankings da Billboard e da NME.

Com isso, os shows da banda, consequentemente, passaram a ser mais grandiosos: foi durante a turnê promocional deste álbum que o Coldplay foi, pela primeira vez, headliner do renomado festival britânico Glastonbury (evento que, até então, havia recebido o grupo apenas como atração secundária). Também nessa época, o quarteto britânico expandiu as suas fronteiras, vindo pela primeira vez à América do Sul e estreando nos palcos brasileiros, com apresentações intimistas (mas muito elogiadas) em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Em 2003, o Coldplay reuniu 6.500 pessoas na extinta Via Funchal (São Paulo) e 8.450 pessoas no ATL Hall (Rio de Janeiro/Atual Qualistage). Bem antes das pulseiras coloridas… (Foto: Reprodução/Site Viva Coldplay)

Com 151 shows realizados ao longo de um ano e três meses, a turnê promocional de A Rush of Blood to the Head foi muito bem-sucedida. Porém, ainda assim, ela passou longe de atrair multidões de forma tão colossal quanto as turnês mais atuais do Coldplay. Muito disso se deve ao fato de que, naquela época, o grupo ainda era um nome muito mais vinculado à cena do Rock alternativo e não seguia cartilhas estratégicas que iam além da norma de fazer boa música.

As turnês do Coldplay incluem canções do repertório de A Rush of Blood to the Head até hoje. Porém, de 2002 para cá, a banda mudou bastante: ela abraçou de vez uma identidade Pop ao lançar álbuns com sonoridade bem mais comercial (como Mylo Xyloto, em 2011, A Head Full of Dreams , em 2015 e Music of The Spheres, em 2021), investir em shows mega-produzidos, explorar a imagem de bom-mocismo de Chris Martin (que sempre existiu, mas está mais em evidência do que nunca, hoje) e realizar parcerias com artistas do naipe de BTS, Rihanna, Beyoncé, The Chainsmokers e Selena Gomez. Diferente das canções dos dois primeiros álbuns (que foram gravadas de forma 100% orgânica), a maioria dos sucessos mais recentes do grupo conta com a presença de elementos eletrônicos que exigem o uso de backing tracks nos shows.

As mudanças citadas possibilitaram que o Coldplay tomasse proporções muito maiores dentro da música mundial e se tornasse a banda mais bem-sucedida do século 21. Porém, uma parte do público que acompanhou os primeiros lançamentos do grupo é bastante crítica a essa fase atual (tal fato pode ser ilustrado pelo notório caso de Regis Tadeu – crítico de música que teceu opiniões bastante fortes a respeito da guinada pop do Coldplay, em um vídeo viral recente).

Por mais que existam muitas discussões a respeito do rumo que o quarteto tomou nos últimos anos, a opinião de que A Rush of Blood to The Head é um dos melhores trabalhos do Coldplay é, praticamente, um consenso entre os fãs da banda – tanto que, em 2013, ele chegou a ser eleito o Melhor Álbum de Todos os Tempos, durante uma votação realizada entre os ouvintes da BBC Radio 2.

Hoje, 22 anos depois de ser lançado, esse álbum continua resistindo ao teste do tempo e sendo um trabalho aclamadíssimo, tanto pelos fãs old-school do Coldplay quanto pelos novos ouvintes que o grupo inglês ganha diariamente. Para muitos, se trata da maior obra-prima que a banda já lançou, até hoje.

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