Entenda como Emily Armstrong e duas músicas inéditas injetaram nova vida ao Linkin Park | Moodgate
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Entenda como Emily Armstrong e duas músicas inéditas injetaram nova vida ao Linkin Park

A volta do Linkin Park é, certamente, um dos maiores acontecimentos musicais de 2024: após sete anos em hiato, o grupo liderado por Mike Shinoda não apenas anunciou a sua nova formação, como também lançou duas músicas novas arrebatadoras (The Emptiness Machine e Heavy Is The Crown), confirmou um álbum de inéditas para novembro deste ano (intitulado From Zero) e deu início a uma turnê mundial que está sendo um megassucesso de vendas – tanto que os 100 mil ingressos disponibilizados para os shows que acontecerão em São Paulo, nos dias 15 e 16 de novembro, já estão todos esgotados.

Isso tudo aconteceu de setembro para cá, mas o renascimento da banda foi secretamente preparado por Mike Shinoda (Voz/Guitarra/Teclados), Emily Armstrong (Voz principal), Joe Hahn (DJ), Dave Phoenix (Baixo), Brad Delson (Guitarra) e Colin Brittain (Bateria) durante todo o ano de 2024. O grupo definiu a sua formação atual em janeiro e, no mesmo mês, deu início ao processo de gravação/produção de From Zero.

Os primeiros passos desse retorno, porém, ocorreram em meados de 2023 – quando Mike, Joe, Dave e Brad decidiram voltar a se reunir para compor músicas juntos. Contudo, nessa época, os quatro não tinham certeza se lançariam as novas canções através do Linkin Park ou por meio de um projeto diferente – pois, para a volta do lendário grupo acontecer, seria necessário encontrar dois integrantes novos capazes de suprir as ausências de Chester Bennington (vocalista que cometeu suicídio em julho de 2017) e Rob Bourdon (baterista que optou por se desligar do Linkin Park, após o fim da formação clássica). Era uma missão bem difícil.

Com o passar dos meses, as reuniões criativas do quarteto passaram a incorporar, também, o baterista e produtor musical Colin Brittain (famoso por trabalhar com A Day to Remember, Papa Roach, All Time Low, 5 Seconds of Summer, Avicii e outros artistas renomados). Porém, o novo projeto de Mike, Joe, Dave e Brad só ficou definido como ‘’a volta do Linkin Park’’ a partir do momento em que incluiu a cantora Emily Armstrong.

Encontrando a vocalista ideal

Após a morte de Chester Bennington, nunca houve, por parte de qualquer um dos membros remanescentes do Linkin Park, alguma declaração pública que descartasse a possibilidade d’a banda retornar. No entanto, encontrar uma pessoa que pudesse suceder o lendário vocalista sempre foi visto pelos músicos como o fator mais desafiador de um hipotético comeback – afinal, Chester era um cantor/frontman muito fora da curva.

Porém, no segundo semestre de 2023, Mike, Joe, Dave, Brad e Colin já estavam estudando a ideia de transformar o projeto musical indefinido deles no retorno do Linkin Park. Por isso, eles decidiram convidar, de forma descompromissada, alguns vocalistas para testes de audição. Durante essa procura por cantores, Mike chegou a criar o projeto colaborativo Already Over Sessions – onde ele utilizou a campanha de divulgação do single Already Over (lançado em sua carreira solo) como pretexto para gravar vídeos tocando com músicos de vários países e, assim, avaliar secretamente vocalistas como Bonnie Fraser (Stand Atlantic) e Bobby Imaru (Saliva) para a banda. Entretanto, a audição com a escolhida Emily Armstrong aconteceu fora deste projeto e contou com a supervisão dos demais membros do Linkin Park.

O que levou Emily Armstrong a ser uma das convidadas para audicionar foi o seu excelente histórico como frontwoman da banda de hard rock Dead Sara: desde 2012 (ano do autointitulado álbum de estreia do grupo), a cantora já vinha se destacando e ganhando prestígio na cena mundial do rock, graças às suas demonstrações de poder vocal em músicas como Weatherman, Mona Lisa, Heaven’s Got a Back Door e Heart Shaped Box (cover do Nirvana que rendeu elogios de Courtney Love e Dave Grohl à vocalista). Por mais que muitas pessoas tenham conhecido Emily em setembro deste ano (através do Linkin Park), o currículo dela, àquela altura, já incluía 5 lançamentos autorais de estúdio com o Dead Sara – além de parcerias feitas com Demi Lovato, Hole, The Offspring, Awolnation, Beck e outros artistas de peso.

Durante a audição que lhe rendeu uma vaga no Linkin Park, Emily cantou, perante Mike, Joe, Dave, Brad e Colin, algumas das músicas que os cinco haviam composto recentemente (e que acabariam entrando no álbum From Zero). Em entrevistas concedidas posteriormente à imprensa, os instrumentistas descreveram a ocasião como ‘’a primeira vez que o repertório novo soou como algo que realmente poderia ser lançado através do Linkin Park’’.

Conquistando a aprovação do público

Com a admissão de Emily, o grupo, enfim, chegou ao consenso de que a empreitada que eles iniciariam juntos não seria um projeto de nome novo, mas sim a ressureição do Linkin Park. Além disso, a voz poderosa da cantora acabou inspirando a banda inteira a adotar uma linha pesada para o repertório de From Zero – proposta sonora, essa, que não era explorada pelo Linkin Park desde o álbum The Hunting Party (2014). A partir dessa decisão, todos os seis integrantes do grupo começaram a compor mais músicas que evocassem trabalhos áureos como Hybrid Theory (2000), Meteora (2003) e Minutes to Midnight (2007). O resultado disso vem sendo muito satisfatório – afinal, os primeiros singles de From Zero (The Emptiness Machine e Heavy Is The Crown) foram amplamente descritos pelo público como ‘’as melhores músicas do Linkin Park em mais de uma década’’.

Após a chegada de The Emptiness Machine e Heavy Is The Crown às plataformas digitais, o jogo ficou ganho para este novo Linkin Park (pelo menos, perante a grande maioria dos fãs). Em seus primeiros lançamentos com Emily nos vocais, a banda vem, sabiamente, seguindo uma fórmula sonora segura, no intuito de atrair a atenção positiva do público para esta nova formação – coisa que poderia não acontecer tão precisamente se, logo de cara, o grupo ousasse demais, como fez em álbuns controversos como A Thousand Suns (2010) e One More Light (2017). A faceta pesada do Linkin Park, além de ser a favorita dos fãs da banda, é também a que mais dá chances para o público conferir o poder vocal da nova vocalista: se alguém possui alguma dúvida a respeito da capacidade de Emily em entregar vocais tão avassaladores quanto os de Chester, essa incerteza acaba indo embora durante a audição de Heavy Is The Crown – especialmente durante os 15 segundos em que a cantora sustenta um grito potente que diz, de forma metalinguística, ‘’This Is What You Asked For’’ (‘’isso é o que vocês pediram’’).

O poder da voz de Emily fica claro, também, quando ela canta canções do repertório antigo do Linkin Park: nos shows desta turnê atual, ela se saiu brilhantemente, até mesmo quando interpretou músicas como Given Up e Keys To The Kingdom – que estão entre as mais vocalmente desafiadoras que Chester gravou durante o seu período no grupo. Contudo, vale lembrar que Emily não tenta, em momento algum, copiar o vocalista que a antecedeu no cargo: ela, na verdade, é bem diferente de Chester, não apenas por ser uma mulher, mas também por ser dona de um timbre de voz bastante singular e possuir, até mesmo, uma extensão vocal mais aguda que a dele – fato que motivou a banda a aumentar o tom de músicas como Bleed It Out, In The End, Numb, Faint, Somewhere I Belong, Crawling, Breaking The Habit e What I’ve Done durante os shows, dando, assim, uma sutil nova cara para elas.

A decisão de colocar alguém muito diferente de Chester no antigo posto dele soou absurda para alguns, mas foi uma escolha proposital e estratégica: as contribuições do falecido frontman para o Linkin Park foram tão marcantes que geraram a certeza de que qualquer novo integrante que tentasse copiá-lo se tornaria alvo de inevitáveis comparações e críticas negativas – afinal, a maioria dos fãs sempre considerou que contratar um pastiche de Chester para o posto de vocalista seria um enorme desrespeito à memória do finado cantor (e essa opinião é compartilhada por Mike). Foi pensando nisso tudo que os músicos remanescentes do grupo optaram pela solução mais inteligente: escolher alguém que estampasse que esta é, na verdade, uma nova era para a banda, onde não existe pretensão de apagar o histórico de Chester, mas sim desejo de dar continuidade à obra incrível do Linkin Park – o que é algo extremamente admissível, visto que Mike Shinoda sempre foi a maior mente criativa por trás do conjunto e possui direitos por suas criações.

A identidade própria de Emily Armstrong pode, certamente, frustrar as pessoas que esperavam ver um imitador de Chester à frente dos vocais do Linkin Park, mas está agradando muito todos que estão dispostos a encarar esta como uma nova fase da banda, onde há vida e frescor de sobra. Graças à cantora e às ótimas músicas inéditas que vêm sendo apresentadas aos poucos, o Linkin Park conseguiu ressurgir das cinzas sem, em momento algum, parecer um cover de si próprio.

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