Bullet Bane e seu mergulho em experimentações no álbum ART.FICIAL | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Bullet Bane e seu mergulho em experimentações no álbum ART.FICIAL

Além de suas experimentações e estética, a banda Bullet Bane tem sido expressiva no rock nacional por, a cada trabalho, buscar uma nova forma de produzir, mas mantendo o seu espírito em cada detalhe. Após o álbum BLLT, o grupo teve uma repercussão marcante ao elaborar um conceito visual, sonora e narrativo que amplifica a experiência ao vivo — e também graças a presença online importante para alcançar novos públicos.

Em junho desse ano, a banda lançou o álbum ART.FICIAL que mostrou um lado muito mais ousado, apesar de, também, expressar de forma nítida as ideias de cada integrante. As composições transitam pelas experimentações de synths do gênero de eletrônica e elementos do pop, trazendo uma nova faceta do grupo e destacando a produção do conceito visual de suas mídias, como os videoclipes, fotos stills e, é claro, os shows.

Nativo de São Paulo, o Bullet Bane é composto por Arthur Mutanen nos vocais, Fernando Uehara e Danilo Souza nas guitarras, Rafael Goldin no baixo e Renan Garcia na bateria. Se tornaram conhecidos por discos como Intercontinental, Ponto e também BLLT, que deram relevância no cenário musical brasileiro e os consolidaram no rock alternativo nacional.

MOODGATE: Com uma mudança bastante característica na era do BLLT com adição de elementos eletrônicos, letras com bastante profundidade emocional e uma estética visual inédita, o que a nova era ART.FICIAL traz de tão diferente e impactante no olhar de vocês?

ARTHUR MUTANEN: É a gente fazendo o que ama e sendo livre pra fazer isso sem medo. No fundo, ter banda é a comunhão entre pessoas e gostos, e o que mais importa é fazer o que ama, se sentir bem com o que faz, e se divertir no processo. No nosso olhar não tem tanta coisa diferente além do tempo em que as coisas foram feitas, cada vez que a gente se reúne pra fazer música surgem novas ideias; o Bullet Bane sempre foi assim e imagino que sempre vai ser.

MOODGATE: Durante os episódios de ART.FICIAL no Youtube, o processo de composição inicial das músicas começa no isolamento da banda em uma fazenda e isso é muito comentado por vocês nas redes sociais como algo único e um grande momento de união da banda. Todo o conceito sonoro e estético de ART.FICIAL foi pensado durante esse período ou já possuíam essa ideia desde o BLLT?

AM: A gente não efetivamente parou pra pensar como seria o conceito sonoro, ele só nasceu em meio às experimentações enquanto se faz música. É tudo muito natural e experimental, se a ideia bate bem na gente, ela vai pra frente.

MOODGATE: Analisando desde o primeiro single Elevador é notável o futurismo e uma narrativa voltada para as inteligências artificiais, envolvendo uma história de amor. Essa narrativa foi abandonada por vocês ao longo do álbum pela repercussão nas redes? E seguindo ainda os conceitos visuais de futurismo com destaque nos efeitos e cores, como vocês definem a obra ART.FICIAL?

AM: Eu me interesso muito por tecnologia e a estética cyberpunk/steampunk, a era dos videogames com unreal engine e séries e filmes com cada vez mais 3Ds perfeitos e tals, o uso de IA em CGI e na cultura pop. E fazer arte é isso também né, respirar o seu arredor, incorporar os elementos que você vive e acompanha em certos momentos. Muita gente ainda não tá preparado pra viver esse futuro, e infelizmente ainda temos no rock muito reacionarismo quando a questão é FAZER ARTE, inovar, mudar, arriscar, buscar algo diferente, se comunicar de outra forma, ser de outra forma, abordar outros temas, ser livre e leve. A gente vai continuar sempre batalhando para quebrar esses pensamentos atrasados e defender o que a gente acredita, fazer tudo sempre do jeito que nos faz bem, por nós, pelos fãs e pelos outros que ainda virão.

MOODGATE: As letras do álbum possuem uma personalidade e um direcionamento seguindo os moldes do BLLT no quesito sentimental. Em determinado momento, é intencional as partes como “Nem alô, nem beijo”, “Sobe, desce, mas não cai”, “Depressão, ansiedade ou bipolaridade” parecerem ser criadas para soarem mais atuais e para um público específico? Qual a intenção dessas composições?

AM: Não acho que nenhuma composição teve uma intenção específica além de comunicar algo que eu estava sentindo, ou que eu achava legal de se escrever/falar. Amo poesia num geral, amo escrever, ter ideias, completar quebra-cabeças, e pra mim letra as vezes é isso, um quebra-cabeça de palavras, encontrar respostas pra algumas perguntas minhas sobre mim mesmo, ou as vezes encontrar as perguntas que eu nem sei quais são, escrever é um exercício de auto-conhecimento, e cada momento da vida você acaba tendo uma abordagem ou roupagem diferente pra isso

MOODGATE: Após o BLLT, o reconhecimento sonoro da banda alcançou diversos públicos e gêneros tornando a Bullet Bane mais conhecida e concretizando uma parceria sólida com a Head Media. Um dos pontos altos do álbum são as produções audiovisuais dos clipes e visualizers como NO FUNDO ME IMPORTO e COBERTOR, respectivamente, que impactam diretamente no consumo do público. Como foi arquitetar e planejar todos esses materiais?

AM: Nada tem um segredo ou uma fórmula, a gente aprende e faz conforme a vida vai acontecendo. Temos bastante gente trabalhando diariamente conosco, mas ainda assim todo o planejamento e as decisões artísticas ficam na nossa mão, então cada movimento que fazemos é com muito carinho, muito esforço e muita correria. Normalmente, os clipes, sessões de fotos e etc são feitos de forma reduzida (se comparar a grandes artistas com grandes budgets), a gente tem a ideia e chama alguns parceiros que a gente acredita que podem ajudar a gente a executar essas ideias, normalmente temos 1 ou 2 dias de produção/gravação geral, mas muitos e muitos dias de planejamento entre nós pra conseguir o melhor resultado possível dentro da nossa realidade.

MOODGATE: Desde Elevador tendo um clipe produzido em sua base por uma inteligência artificial, o meme no Twitter “Vou pro inferno, levo ferro”, as gamificações e composições que foram alvo de críticas por lembrarem Bring Me The Horizon, a banda sofreu duras críticas nas redes sociais e também ganhou grande alcance. Por todos esses fatos, o que vocês podem dissertar sobre essas situações?

AM: Homofobia velada existe desde sempre, mais notavelmente na época dos coloridos, parece que esse monstro ficou adormecido por um tempo mas voltou com a gente, né? No fundo a gente sabe que conquista gera incômodo, e estamos de bem com isso, normalmente quem fala demais faz de menos, enquanto tem gente que passa os dias tentando atacar a gente no Twitter, a gente passa os dias trabalhando pra ser cada vez melhor como seres humanos, como músicos, como artistas e dando nosso sangue para entregar cada vez mais o que nossos fãs merecem. Você pode observar a crítica de duas maneiras: destruição ou incentivo. Eu enxergo como incentivo, quanto mais falam mais eu trabalho.

MOODGATE: Em BLLT e ART.FICIAL é claro que o grupo está realizado e alegre pelo resultado das composições e toda identidade visual, e isso é demonstrado ativamente na rede sociais da banda e nos perfis pessoais dos membros. Como vocês se sentem em relação a esses dois trabalhos e qual o impacto que desejam produzir nas pessoas que consomem?

AM: Cada disco habita em um lugar e tem sua vida própria, com o BLLT a gente colheu muitos frutos, viajou bastante, aprendeu muito, e agora é a hora de executar tudo isso com o ART.FICIAL. Esse é sempre nosso pensamento: como podemos melhorar do que ontem? SEMPRE. As nossas músicas são sempre muito honestas com a gente mesmo, e espero que os ouvintes tenham essa mesma sensação, porque só verdade transmite verdade. Espero que todos se emocionem assim como a gente se emocionou fazendo.

MOODGATE: O ART.FICIAL não possui colaborações especiais de outros artistas, isso foi intencional ou os fãs verão participações em uma futura versão deluxe do álbum?

AM: A gente quis fazer um disco sem participações simplesmente porque tudo pareceu muito coeso do jeito que estava e da forma que nasceu, seria forçar a barra colocar algum feat no meio do caminho só porque é o que o mercado tem feito. Amamos fazer colaborações com outros artistas e estamos pensando sim em fazer mais ainda este ano, mas é importante que seja por vontade e conexão nossa com o outro artista ou banda, e isso é bem delicado. Castelo de Areia e Lembro Quando Começou, por exemplo, foram músicas feitas ou em conjunto, ou pensando especificamente em quem iria participar, em momentos em que estávamos próximos da Day Limns e do Lucas Silveira, então fizeram sentido, e é assim que a gente vai seguir sempre.

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