Bring Me The Horizon realiza o maior show de sua carreira no Allianz Parque e encerra festival histórico
Neste sábado (30), o Bring Me The Horizon fez o maior show de sua carreira até agora no Allianz Parque, em São Paulo, para cerca de 50 mil pessoas, após show intimista nesta quinta-feira (28), na Áudio, também em São Paulo. Junto aos britânicos, tiveram as bandas de abertura, que possuem grande nome na cena do metalcore, como a banda de Ohio, EUA, The Plot In You, os canadenses do Spiritbox, e Motionless in White, também dos EUA.
Em sua sequência, o show principal foi parte da turnê do sétimo álbum de estúdio do grupo, o POST HUMAN: NeX GEn, lançado de surpresa em maio deste ano, como segunda parte da série Post Human, após o disco Post Human: Survival Horror, de 2020. Esses dois últimos lançamentos conta com uma estética mais futurista e cyberpunk e, por isso, esse foi o tom da turnê, repleto de referências a jogos, personagens de videogame modernos, trilha sonora e efeitos tecnológicos e muito mais.
A Moodgate acompanhou esse e outros detalhes de perto e te conta como foi esse dia épico para fãs brasileiros do emo e do metal, tanto quanto foi para o próprio Bring Me The Horizon. Confira:
The Plot in You deu início a um dia acelerado e enérgico no Allianz Paraue. A banda, pela primeira vez no Brasil, agitou o público com grandes hits coléricos. Em Forgotten, dos singles de Vol.1 lancados neste ano, moshs se abriram e, junto a isso, podia-se ver pessoas pulando sem parar, cantando e esbravejando. Canções como Left Behind e Divide, também de Vol.1, também tiraram gritos, ecos e coros pelo estádio. De seu álbum aclamado, o DISPOSE (2018), o grupo tocou DISPOSABLE FIX, THE ONE YOU LOVED e a canção que foi responsável por alavancar seu sucesso, a FEEL NOTHING. Nelas e durante toda apresentação, o vocalista Landon Tewers mostrou grande performance, com vocais pulsantes e fortes, fiéis à entonação de estúdio.
Em seguida, Spiritbox, grande nome na cena moderna do metalcore, fez o estádio tremer, tornando-o um verdadeiro caos. A banda estourou com singles lançados entre 2019 e 2020, como o Rule Of Nines e o Holy Roller*, bem como com seu primeiro álbum de estúdio, o Eternal Blue (2021). Desde então, a vocalista Courtney Laplante tem se mostrado uma das frontwomans mais fortes e influentes deste cenário. E com sua primeira apresentação no Brasil, isso pode ser visto e ouvido, provado diversas vezes. A presença de palco de Courtney se mostrou consistente do início ao fim, com gritos e uma voz angelical equilibrados a todo momento, tanto quanto suas danças e passos firmes eram. O guitarrista, e também seu marido, Mike Stringer usou a passarela do show em muitos momentos com grande potência e carisma, o que também foi feito por Courtney que, além disso, encarava os fãs que estavam perto.
No show foram tocados singles, hits de seu primeiro álbum e novas músicas como Cellar Door, Angel Eyes e The Void, de The Fear of Fear, o novo EP da banda. E não apenas na performance delas, mas em quase toda a apresentação do Spiritbox, não havia pausa para os moshs e coros. Isso se intensificou em Holy Roller e Circle With Me, que eram as canções mais esperadas para serem ouvidas. E, curiosamente, durante músicas do Eternal Blue, sinalizadores azuis surgiram, o que deixou o estádio ainda mais caótico.
Em contraste, o som, principalmente dos microfones, se mantev e mais baixo nas duas primeiras apresentações, o que deturpou a experiência em alguns setores mais distantes do estádio.
CUT DOWN THE ALTAR! Circle With Me, um dos singles de Eternal Blue, primeiro álbum de Spiritbox sendo ecoado pelo público. Esse é um dos grandes sucessos da banda canadense. 🔥❤️🔥
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) November 30, 2024
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Antes do show principal, Motionless in White já trouxe mais da energia insana que estava se instaurando. Com a presença de palco do vocalista Chris Motionless isso se permeou por toda a apresentação. Ele, mesmo entre vocais pulsantes e gritos, demonstrou estar muito feliz em estar no Brasil, interagindo com fãs e tendo o momento clássico de levantar a bandeira do país, a qual pegou da plateia e estava personalizada com o nome da banda.
O grupo, que gira em torno de um metal moderno e também já passou por estéticas futuristas, se apresentou com suas clássicas pinturas nos rostos dos integrantes, com uma maquiagem branca e detalhes em preto.
O MIW tocou desde feats. como Slaughterhouse, música com Bryan Garris do Knocked Loose até covers como Somebody Told Me, de The Killers, o qual tornou o estádio uma verdadeira pista de dança. Além deles, hits como Abigail, Werewolf e Reincarnate tiraram o público do eixo com pulos e moshpits. E não só, em Another Life, um de seus maiores sucessos e do álbum Disguise (2018), o estádio brilhava com tantas lanternas acesas. Foi o momento mais intenso e emocionante do show.
SOMEBODY TOLD ME! O Allianz Parque virou uma verdadeira pista de dança com o hit e single da banda ⚡️🤘🏼
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) December 1, 2024
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Para fechar, a banda tocou Eternally Yours, do álbum Graveyard Shift (2017), o que deixou tudo mais caloroso e explosivo. “We are Motionless in White we are Eternally Yours”, disse Chris antes de performar a última música, o que, sem dúvidas, emocionou o público e, também, fechou a apresentação com chave de ouro.
E, assim, o BMTH subiu aos palcos do Allianz Parque. Com show de luzes e estética futurista voltada ao novo álbum, a banda criou um storytelling bem construído para contar a história de POST HUMAN: NeX GEn ao vivo, com a presença de uma narradora robô nos telões reforçando todo o conceito do disco e interagindo com a plateia,
contemplando o conceito de extinção e de humanidade condenada, conhecido como YOUtopia* (também faixa do álbum), como já se mostra explícito no nome do álbum. O visual do show foi avassalador, com performances do vocalista Oliver Sykes sincronizadas com os efeitos de tela e de luzes, o que foi uma ótima escolha para prender a atenção do público.
As interações de Oliver com o público sempre são destaque em seus shows no Brasil e dessa vez não foi diferente. O vocalista reforçou seu amor pelo país falando em português em incontáveis momentos.
Oliver é casado com uma brasileira e isso, sem dúvidas, o aproximou ainda mais dos seus fãs da América Latina. O que torna ainda mais especial fazer o maior show de sua carreira no Brasil, visto que ele se encontrou aqui, sendo sua segunda casa.
O setlist do show se voltou para o novo álbum, mas não deixou de lado hits abundantes e essenciais para comporem uma apresentação especial. Sleepwalking e Can You Feel My Heart, de Sempiternal (2013), e Happy Song, de That’s The Spirit (2015), deixou o público em euforia, com coros e moshs por toda a parte. Sleepwalking voltou a ser tocada após muito tempo fora dos shows, o que levou os fãs ao ápice, cantando e pulando desenfreadamente.
CAN YOU FEEL MY HEART? ❤️🔥🤯
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BRING ME THE HORIZON colocou São Paulo pra tremer com uma presença sobre-humana inexplicável.
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Antivist contou com participação especial em sua performance, como já feito anteriormente, visto que Pabllo Vittar se apresentou junto ao BMTH para cantá-la em 2022, no Vibra São Paulo. Dessa vez, MC Lan e Di Ferrero tiveram espaço para cantar com Oliver.
É tradição! Os convidados da vez para cantar "Antivist" foram simplesmente Di Ferrero e MC Lan e eles fizeram história 🫶🏼🤘🏼
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Em Shadow Moses, Oliver acendeu um sinalizador vermelho, como no clipe, o que foi marcante dada a referência e nostalgia do álbum Sempiternal. Na plateia, havia sinalizadores da mesma cor e moshs para todo lado. O arrepio na pele de cada um podia ser visto de longe quando todos gritavam “This is Sempiternal”.
Com a abertura do show de orquestra que a banda fez no Royal Albert Hall, seguido de uma retrospectiva da história da banda, Bring Me The Horizon apresentou Doomed, de That’s The Spirit. A música em si já é emocionante, mas com os complementos nostálgicos utilizados no show, ficou ainda mais. Foi impossível de segurar o choro e, aliás, ninguém estava interessado segurar naquele momento.
Drown, grande hit do That’s The Spirit, foi dedicada a Pedro Miranda, fã bastante querido pelo BMTH, descrito como alegre e feliz. O grupo foi uma motivação para ele durante sua luta contra o câncer, o qual chegou a conhecer os membros e ir aos shows no ano passado, na Inglaterra. Pedro faleceu em junho deste ano e, em sua homenagem, Oliver disse “This song is for Pedro”, ao mesmo tempo que os fãs soltaram balões brancos para ele.
Em meio a emoções, nostalgia, referências e futurismo, o Bring Me The Horizon marcou fãs em uma noite vibrante. As bandas de abertura aqueceram sua chegada com autenticidade e grandes sucessos, The Plot in You com sua potência colérica, Spiritbox com destaques vocais de Courtney e performance calorosa, e Motionless in White com apresentação pungente.
Como observação, o BMTH poderia ter explorado ainda mais a sua discografia, percorrendo entre álbuns mais antigos, mas, ainda sim, sustentou toda a sua performance nos álbuns mais conhecidos devido o seu carisma, qualidade técnica e storytelling bem construído não só para emergir, mas também para abraçar os fãs, mesmo que de longe.