O último mês foi especial para as gerações viciadas em metal. Só no Allianz Parque, principal local de shows de arena em São Paulo, foram três finais de semana com apresentações lotadas de bandas que marcam transições.
Na metade de novembro, foi a vez do Linkin Park com seu retorno apoteótico. No final do mês, o Bring Me The Horizon entregou uma das performances mais brilhantes já vistas no estádio para um público mesclado entre aventureiros dos anos 90 e a molecada anos 2000.
Agora, no início da última parte de 2024, o Iron Maiden, um dos maiores – se não o maior – nome da história do heavy metal inglês, fez uma apresentação incendiária para mais de 45 mil pessoas, mesmo optando por uma setlist que parecia deixar o protagonismo para o trabalho mais recente da banda, sem focar tanto num repertório recheado de hits clássicos.
O Maiden, que chegou ao Brasil neste fim de ano com a “The Future Past Tour”, dispensa apresentações. Pioneiros no estilo mais impactante do século XXI, os britânicos consolidaram a própria trajetória com trabalhos aclamados por público e crítica, mas principalmente por terem construído uma narrativa teatral em suas performances ao vivo.
Liderados pelo carismático Bruce Dickinson, dono de uma das vozes mais potentes da indústria, e pelo baixista Steve Harris, o Iron Maiden chegou ao Allianz Parque com a missão de surpreender. Afinal, é difícil esperar menos que o ótimo vindo de quem fez a roda do mainstream girar por tantos e tantos anos.
Iron Maiden no palco!
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) December 7, 2024
Uma das maiores bandas de metal da história chegou com tudo para enlouquecer os brasileiros nessa primeira noite de Allianz!
Se liga no mood! ⚡️
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Pensando nisso, o sexteto permaneceu investindo em estrutura de palco, fogos, bandeirões e ilustrações de todos os tipos nos telões; toda essa “indumentária” faz parte do storytelling criado em cada fase da carreira. No entanto, desta vez eles preferiram apresentar um pouco mais do que foi feito recentemente, como Senjutsu (2021), e celebrar o clássico Somewhere In Time, de 1986.
O show tem discursos acalorados de Bruce sobre a relação de amor da banda com o Brasil – ainda bem, poucos amam o Maiden tanto quantos os brasileiros -, citações a grandes trabalhos e, principalmente, passagens sobre o tempo; daí o nome da turnê: é o futuro, o presente e o passado ilustrado em pouco mais de 2h.
As únicas faixas da set que pertencem a outros trabalhos além destes dois são “The Trooper”, “The Prisoner”, “Can I Play With Madness”, “Fear of The Dark” e “Iron Maiden”. E só.
Se a proposta é homenagear um disco adorado e divulgar o mais recente capítulo da discografia, o papel é cumprido com louvor. Tudo isso pois, de 15 tracks do repertório, quase a metade nunca havia sido tocada para os brasileiros.
Canções como “Stranger In a Strange Land”, “Days Of Future Past”, “Hell on Earth” e “Alexander The Great” – finalmente foram reproduzidas por aqui.
Na Moodgate, publicamos recentemente uma matéria sobre o guia definitivo das turnês do Maiden no Brasil. Se você busca entender os contextos por trás de cada vinda, a leitura é obrigatória.
O Allianz Parque está em chamas com o Iron Maiden! "Fear of the Dark" acabou de transformar o estádio em um coral épico. 🤘🏼🔥
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O público da capital paulista recebeu o sexteto nesta sexta-feira, (6), de braços abertos, mesmo com tantas novidades e sem sustentar toda uma turnê apenas com seus maiores dias de glória.
Entre pais e filhos, casais e fãs apaixonados na plateia, os brasileiros puderam ver sem qualquer esforço que o Iron Maiden não se tornou esse titã do heavy metal por conta de suas gravadoras ou alguma espécie de jabá de empresários.
Na primeira noite sold out, a referência clamou por reverência: não existe a possibilidade de ídolos tão unânimes entregarem uma apresentação “meia-boca”. Não se espera o mínimo de quem pavimentou o terreno para tudo o que hoje se conhece no metal poder ganhar vida.
O Iron Maiden ao vivo, com todos os seus integrantes beirando os 70 anos de idade, ainda soa como uma força da natureza, que leva consigo absolutamente tudo o que encontra pelo caminho.
A turnê The Future Past até pode deixar o protagonismo para o discurso sobre passado e futuro, mas há obras que transcendem período e espaço. E a carreira dos britânicos é o melhor exemplo de que nem o tempo pode apagar o brilhantismo de quem, de fato, escreveu a história.
Horas após o show, a notícia de que o bateirista da banda, Nicko McBrain, deixaria o Iron Maiden repercutiu nas redes, marcando o show de São Paulo como o último com a presente formação. “Fazer turnê com o Iron Maiden nos últimos 42 anos tem sido uma jornada incrível! Para a minha devotada base de fãs, vocês fizeram tudo valer a pena e eu amo vocês”, declarou McBrain.