De Queensland, Austrália, The Amity Affliction é uma banda atualmente formada por Joel Birch (vocal), Dan Brown (guitarra), Jonny Reeves (baixo) e Joe Longobardi (bateria). Há duas décadas, o grupo começou sua trajetória tocando nos intervalos de suas aulas na escola e, neste domingo (06), fez um show enérgico em sua maior essência do Metalcore em São Paulo, em show único no Brasil, no Carioca Club. Essa foi a segunda vez dos australianos pela América do Sul e, antes do Brasil, eles passaram pelo México, Argentina e Chile.
Após a assinatura com a gravadora Pure Noise Records em 2023, a banda embarcou em turnês ao lado de grandes nomes como The Acacia Strain, Escuela Grind e Alphawolf, bem como fez diversos outros shows durante esses últimos dois anos.
A Moodgate acompanhou a apresentação única da banda em São Paulo te conta alguns detalhes da noite imersiva e nostálgica que o The Amity Affliction proporcionou neste último fim de domingo. Confira:
Angústia, saúde mental, moshs e muitos gritos de Joel Brich
A entrada do grupo se deu por Pittsburgh, de Let The Ocean Take Me, quarto álbum de estúdio da banda. Disco que ganhou versão Redux em 2024. Durante o início da performance, os coros já eram potentes. Já havia, também, um mosh bem grande ao meio da platéia. Foi uma escolha acalourada e angustiante para abrir o show, mas isso não significa que foi uma escolha ruim. Podia-se ouvir ecoando o refrão “It’s like there’s cancer in my blood”, it’s there’s water in my lungs”, “And I can’t take another step, please, tell me I am not undone” por toda a casa.



Os gritos de Joel Birch e os vocais melódicos do baixista Jonny Reeves são equilibrados e deixaram as canções ainda mais intensas entre o instrumental agressivo durante a apresentação. Birch também interagiu com a plateia em diversos momentos do show, dizendo que estava feliz em estar de volta ao Brasil. Além disso, havia uma bandeira do Brasil em cima do palco, a qual foi entregue pela fanbase local.
Assim, a banda deu uma volta entre seus discos de 2012 a 2023, em uma setlist de 14 músicas. Seus álbuns mais antigos não foram tocados, mas seus hits e músicas mais recentes foram contempladas.
Em All My Friends Are Dead, do sétimo álbum de estúdio do grupo, o Everyone Loves You… Once You Leave Them (2020), houve muito barulho e Birch pediu uma roda que, por sua vez, durou por pelo menos outras três músicas: Chasing Ghosts, do álbum homônimo, Death’s Hand e I See Dead People. Coincidentemente, todas elas abordam sobre morte e sobre um tema muito falado pela própria banda: a saúde mental.



O vocalista Joel Birch contou em algumas entrevistas que sofre de bipolaridade e que enfrentou problemas com seu pai, ex-alcoólatra. Por isso, muitas vezes, ele explora seus sentimentos e aborda sobre estar em meio à depressão.
“My word is burning and I’m Crushed by depression” / “Meu mundo está queimando e eu estou esmagado pela depressão”, gritou Birch pelos palcos ainda durante All My Friends Are Dead, reforçando essa questão.
Apesar de toda angústia e tristeza carregadas em suas melodias, a plateia se mostrava cada vez mais viva, pulando e gritando sem parar.
E em My Father’s Son, música a qual Joel fez após conhecer seu pai, que passou anos em uma batalha contra o alcoolismo, os fãs batiam palmas e erguiam suas mãos sem parar. Foi bonito e, ao mesmo tempo, não perdeu a energia agitada construída desde o começo do show.
“My Father’s Son” 🖤
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) April 7, 2025
Um dos momentos mais intensos da noite — a música que Joel Birch escreveu após conhecer seu pai.
Emoção à flor da pele no Carioca Club.
🎥: @gicpav pic.twitter.com/oMVGlwt5jL
O show foi chegando ao fim com Give It All, do aclamado álbum Let The Ocean Take Me (2014). Os últimos gritos ecoados pela plateia se deram com Soak Me in Bleach, hit do Everyone Loves You… Once You Leave Them (2020), com Birch cobrindo-se com a bandeira do Brasil.
The Amity Affliction fez um show nostálgico, com o metalcore e o pós-hardcore na veia dos gritos e de seu instrumental potente, em meio à catarse. A banda criou uma energia calorosa e agitada a partir da primeira canção e a manteve até a última, mesmo abordando sobre temas sensíveis e difíceis de falar fora dos palcos. Com certeza, além da gratidão de estar de volta exposta pelo próprio vocalista, a da plateia se fazia nítida com sua agitação em cada voz e, até mesmo, em seus movimentos. Foi um retorno marcante ao Brasil, e esperamos que se repita.