Daqui a alguns dias, os membros do System of a Down estarão excursionando pela América do Sul, com a Wake Up! South America Stadium Tour – mini turnê onde Serj Tankian (Vocalista), Daron Malakian (Guitarrista/Co-Vocalista), Shavo Odadjian (Baixista) e John Dolmayan (Baterista) realizarão um total de nove shows distribuídos na Colômbia, no Peru, no Chile, na Argentina e no Brasil, entre os dias 24 de abril e 14 de maio deste ano.
Essa excursão promete compensar o fato de que a banda armênio-americana de metal alternativo está longe do nosso país há quase 10 anos. Afinal, enquanto cada um dos demais países inclusos na rota dessa turnê receberão uma única apresentação do grupo, o Brasil será agraciado com cinco – durante o mês de maio, a Wake Up! South America Stadium Tour passará por Curitiba (no Estádio Couto Pereira; 06 de maio), pelo Rio de Janeiro (no Engenhão; 08 de maio) e será encerrada com uma maratona de três shows em São Paulo (no Allianz Parque; 10, 11 e 14 de maio).
As duas vindas anteriores do System of a Down ao Brasil aconteceram em 2011 e em 2015, respectivamente (nas duas ocasiões, o grupo tocou no Rock in Rio e também fez show-solo em São Paulo). Porém, por mais que vários anos tenham se passado desde então, os setlists atuais da banda não diferem muito dos que eram seguidos naquela época, pois, de lá para cá, o quarteto lançou apenas duas canções inéditas (as ótimas Protect The Land e Genocidal Humanoidz – ambas presentes em um EP beneficente gravado em 2020, com o intuito de ajudar a economia armênia).
O motivo desse número pequeno de novidades não é segredo para ninguém: desde 2006, Serj, Daron, Shavo e John não conseguem mais se entender criativamente, devido a fatores diversos que englobam direitos autorais, discordâncias políticas existentes entre o conservador John Dolmayan e os demais integrantes da banda e, também, o foco bem maior que Serj Tankian destina à sua própria carreira solo (em sua recém-lançada autobiografia ‘’Down With The System’’, Serj revelou que esse terceiro fator fez com que o grupo chegasse a realizar alguns ensaios secretos com outro vocalista, em 2017, mas a ideia de continuar a banda com outro frontman acabou não indo para frente). Devido a essa enorme dificuldade que Serj, Daron, Shavo e John vêm tendo em chegar a um consenso na hora de compor conjuntamente, os quatro optaram, diversas vezes, por lançar as suas respectivas composições através de projetos-solo: de 2006 para cá, Serj compôs trilhas de cinema e entregou vários álbuns e EP’s sozinho, Daron gravou dois trabalhos autorais com o Daron Malakian and Scars on Broadway (2006-Presente), Shavo lançou um álbum com o recém-formado Seven Hours After Violet (2024-Presente) e John trabalhou como baterista de sessão para diversos artistas.
Apesar da existência desse clima extremamente rachado na hora de gravar músicas novas, todos os integrantes do quarteto garantem que, em cima dos palcos, a energia entre eles é maravilhosa. Isso, somado ao fato de que nenhum dos projetos-solo criados por Serj, Daron, Shavo ou John ter sido tão bem-sucedido comercialmente quanto o System of a Down, faz com que a banda permaneça unida até os dias de hoje – ainda que com o propósito único de realizar alguns poucos shows por ano.
Com base em tudo o que já foi revelado sobre as divergências criativas internas que ocorrem entre o quarteto, é bastante improvável que o System of a Down volte a entregar canções inéditas algum dia. Porém, o repertório lançado no EP Protect The Land/Genocidal Humanoidz (2020) e nos álbuns System of a Down (1998), Toxicity (2001), Steal This Album (2002), Mezmerize (2005) e Hypnotize (2005) é tão irretocavelmente sensacional que já é o suficiente para garantir, com segurança, que as apresentações ao vivo do grupo jamais deixarão de ser avassaladoras.
O que esperar dos shows no Brasil?
Primeiramente, é importante deixar claro que os shows do System of a Down sempre ignoram o repertório dos respectivos projetos-solo de Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan, pois incluem apenas as canções que os quatro lançaram juntos enquanto banda.
De acordo com Shavo, os cinco espetáculos que o grupo realizará no Brasil, nos próximos dias, serão bem diferentes uns dos outros: a cada apresentação, o quarteto irá tocar de 27 a 30 músicas, mas os setlists irão mudar significativamente a cada noite, para que todas as 70 canções que compõem a discografia da banda façam parte desta terceira passagem do System of a Down pelo Brasil. Essa recente revelação feita pelo baixista torna impossível prever o setlist exato de cada show, mas a expectativa dos fãs é de que hits como BYOB, Aerials, Chop Suey, Toxicity e Lonely Day sejam performados em todas as cinco apresentações, enquanto o restante do repertório varia. Se tal proposta for, de fato, seguida à risca, as apresentações em questão acabarão incluindo um grande número de músicas que a banda nunca tocou ao vivo no Brasil – tais como Violent Pornography, Mr.Jack, P.L.U.C.K, DDevil, Genocidal Humanoidz, Highway Song, Protect The Land, This Cocaine Makes Me Feel Like I’m On This Song, She’s Like Heroin e Ego Brain (essas duas últimas, aliás, nunca integraram qualquer setlist do System of a Down).
Vale lembrar que todos os shows da Wake Up! South America Stadium Tour contarão com a abertura do Ego Kill Talent (grupo brasileiro que já gravou a música A Thousand Fists na companhia de John Dolmayan e, provavelmente, repetirá a parceria com ele ao vivo). Contudo, o show de encerramento desta turnê será ainda mais especial, pois contará com a abertura extra da banda americana de horror punk AFI.