
Review “The New Abnormal” do The Strokes
Em “The New Abnormal”, o The Strokes reencontraram o vigor dos primeiros discos, com melodias bem trabalhadas e a melancolia no lugar da explosão. O álbum conta com nove faixas sobre a produção do renomado Rick Rubin.

O disco é um retrato de um amadurecimento daquilo que marcou o nome da banda na história. Saem a raiva e o entusiasmo e entram a sutileza, reflexões, existências e alguma doce introspecção. A banda conseguiu trazer as experimentações feitas nos dois últimos álbuns com mais delicadeza, conectando com o explosivo e compacto “Is this It ‘s”, primeiro álbum da banda. E dessa forma surge a identidade que marca o “The New Abonormal”.
A banda sempre mostrou em seus trabalhos suas influências de uma forma nostálgica. Logo de cara, o “Is This It”, resgatou a atitude e agressividade do rock dos anos 70, influenciado pelo punk e especialmente o garage rock. Já em “The New abnormal”, a new wave da década de 1980 ganha destaque na sonoridade da banda, espalhada por todas as nove faixas.

O baixo pulsante em “The Adults are talking” dá início a nova era da banda, parece que os nova-iorquinos finalmente estão se divertindo, relaxando e aprendendo a amar o que os torna ótimos novamente. Tocada ao vivo em um dos shows de 2019, a música foi um dos indícios de que um novo álbum estava em produção. Nela se destaca a guitarra abafada, a bateria eletrônica em sincronia do baixo e a voz de Julian em um tom sussurrado.
A dançante “brooklyn bridge to chorus” se destaca no disco como a música que vai abalar as festas alternativas. A canção reflete sobre o tédio e o passado, em muitos momentos, parece que Julian está falando consigo mesmo “e as bandas dos anos 80? Para onde foram?” neste álbum agora sabemos, a ponte nos leva diretamente para o começo dos anos 2000’s. Na sequência temos a outra dançante do disco, “Bad decisions”. A música faz referência a “Dance With Myself” do Billy Idol em um de seus refrões e se sustenta em um riff de guitarra.
No entanto, os destaques do discos são opostos. Julian dá a partida com os clássicos falsetes em “Eternal Summer”, e dessa vez, parecem estar mais maduros e bem afinados, nos transmitindo um mood bem relaxante. Enquanto isso, “Not The Same Anymore” é talvez a faixa mais bonita que a banda já gravou. E como ficou relatado nos trechos aleatórios das brincadeiras de estúdio que vinculam as faixas, há uma sensação de diversão e liberdade ao longo de tudo isso, que não se sente presente há anos.
Não é difícil imaginar se o The New Abnormal fosse lançado há 15 anos atrás, ele teria um impacto muito maior na música. Por outro lado, o disco perderia o clima nostálgico de quando o indie rock despontava como trilha sonora dominante para toda uma geração.