Rolling Stones – Hackney Diamonds
A resiliência inquebrável dos Rolling Stones ao longo das décadas é uma história que desafia o tempo. Mesmo com altos e baixos, vícios e tragédias, esses ícones do rock se mantêm de pé, prontos para oferecer novas músicas até o último acorde. O lançamento de Hackney Diamonds após quase duas décadas de espera é um marco que gerou grande expectativa e entusiasmo.
Este 24º álbum dos Stones mantém a essência da banda, com clássicos riffs à la Keith Richards, um baixo pulsante e Mick Jagger, aos 80 anos, mostrando sua vitalidade. As faixas evocam o espírito original da banda, e até mesmo nos momentos mais pop, como o single Angry, percebe-se um toque contemporâneo, talvez devido à influência do jovem produtor Andrew Watt, tendo colaborado entre outros com músicos como Ozzy Ozbourne ou Dua Lipa.
A partir da quarta música, o álbum se torna mais ousado, com guitarras cortantes e uma participação ilustre de Paul McCartney, cujo a presença, embora sutil, adiciona um toque especial à música Bite My Head Off, contando com guitarras cortantes e saturadas e com um groove interessante do Sir Paul. No entanto, é em Sweet Sounds of Heaven, com Lady Gaga, que encontramos a colaboração mais marcante. A influência do blues atinge seu auge, e as vozes e instrumentos se unem de maneira memorável, lembrando a icônica Merry Clayton em Gimme Shelter. Uma comparação lisonjeira, já que este clássico do ábum Let It Bleed (1969) é provavelmente uma das melhores música do grupo. Sweet Sounds of Heaven destaca-se como uma peça excelente e memorável, a única do disco que poderia se juntar ao ranking das músicas memoráveis do final dos anos 60 e início dos anos 70.
O álbum se encerra com um cover de Muddy Waters, uma homenagem ao músico que inspirou o nome da banda. Rolling Stone Blues apresenta um som autêntico e uma gaita harmoniosa, como se fosse gravada em um apartamento de Edith Grove, fechando o círculo.
No meio musical, as opiniões sobre Hackney Diamonds são divididas. Alguns o veem como preguiça ou nostalgia, mas todos reconhecem a façanha de lançar um álbum coeso e unido nesta fase avançada da carreira. Nenhum grupo pode igualar essa longevidade e resiliência ao longo de seis décadas. É um feito difícil de replicar, e é improvável que vejamos bandas como Coldplay ou Imagine Dragons no palco daqui a 40 anos.
Para os fãs que cresceram ouvindo clássicos como Sympathy for the Devil, Paint It Black, Gimme Shelter e Angie, o lançamento de Hackney Diamonds em 2023 é uma experiência especial. E para um editor jovem como eu, que ouve a banda desde o início da adolescência, apreciando muito sem ser um fã absoluto, encontramos um sentimento especial de que de ver os Stones lançarem uma nova obra em 2023. É a chance de vivenciar algo novo, de fazer parte desse legado, e nos sentirmos como nossos pais que aguardavam ansiosamente os lançamentos dos Stones. Que a boca seja capaz de mostrar a língua nos próximos anos.