Roger Waters: This Is Not a Drill — um show de rock político e sensorial no Rio de Janeiro | Moodgate
Um novo sentimento para a música
4364
post-template-default,single,single-post,postid-4364,single-format-standard,bridge-core-3.0.1,qode-news-3.0.2,qode-page-transition-enabled,ajax_fade,page_not_loaded,,qode-title-hidden,qode_grid_1400,vss_responsive_adv,vss_width_768,footer_responsive_adv,qode-content-sidebar-responsive,qode-overridden-elementors-fonts,qode-theme-ver-28.7,qode-theme-bridge,qode_header_in_grid,wpb-js-composer js-comp-ver-6.8.0,vc_responsive,elementor-default,elementor-kit-7

Roger Waters: This Is Not a Drill — um show de rock político e sensorial no Rio de Janeiro

Roger Waters é um músico conhecido por sua música memorável, posicionamentos políticos, elaboradas concepções conceituais em suas apresentações ao vivo e frequentes controvérsias. Todas essas facetas de sua persona estiveram em destaque no Rio de Janeiro, na noite de sábado (29), quando Waters deu ao seu segundo show da turnê This Is Not a Drill, no Brasil

Cada detalhe é minuciosamente planejado; nada é deixado ao acaso. Desde os estrondos ocasionais de trovões distantes ecoando pela arena, até a contagem regressiva, que começa com 15 minutos, depois 10, e, por fim, 5 minutos antes do início do espetáculo. No entanto, mesmo que eu já esteja completamente emocional e psicologicamente envolvido quando as luzes se apagam, não consigo evitar pensar: “Agora, veremos uma lenda ao vivo.”

Não há engano, essa é exatamente a experiência que a noite foi meticulosamente projetada para proporcionar: uma experiência singular que teve o poder de alcançar e comover o público em vários níveis. Foi uma sobrecarga sensorial cativante que combinou música, tecnologia, elementos visuais, narrativa, história, política, autobiografia e nostalgia para criar, na plateia, um sentimento irrecusável de camaradagem, comunidade e solidariedade. Mesmo que inicialmente houvessem dúvidas, todos nós, de alguma forma, fomos unidos.

Foto: Marcos Hermes

Para ser franco, foi surpreendente ser totalmente absorvido daquela maneira. Ser levado pela maré de energia que percorreu o Estádio Nilton Santo foi um encanto vertiginoso; eufórico. O primeiro ato do show começa com uma versão sombria e distópica da icônica Comfortably Numb, com um tom obscuro e ameaçador, desprovido de cores. Não há solo de guitarra triunfante. Essa escolha estabelece o tom da noite. Logo em seguida, temos Another Brick in the Wall, um contraste explosivo que faz o público levantar de seus assentos, dançando com alegria e exuberância. O cenário está definido e o espetáculo já estava preparado.

Imagens e palavras poderosas, muitas vezes chocantes, relacionadas a casos brutais de morte, assassinato, massacres e violência com motivação racial, são então conduzidas por The Powers That Be e The Bravery of Being Out of Range. Isso destaca o aspecto político do rock, progressivo na maioria das vezes, quer você acredite ou não. O rock pode ser suado, sujo e sedutor, mas também pode ser potente o suficiente para impactar as massas. A demografia diversa do público em um show de rock, reunindo pessoas de todas as idades em torno da música, é sempre impressionante. Neste show, especificamente, senti essa união.

A apresentação continuou a surpreender com três momentos especiais: Have a Cigar, um tributo emocionante a Syd Barrett; a história de amizade com Wish You Were Here; e a gloriosa Shine on You Crazy Diamond. O primeiro ato terminou com uma versão fabulosa, tumultuada e arrebatadora de Sheep, com uma grande ovelha circulando pela arena enquanto as telas de vídeo recapitulavam os principais temas da noite.

O intervalo chegou no momento ideal, pois o primeiro ato já tinha sido quase perfeito. Foi rico, estimulante e cheio de contribuições, pensamentos, palavras, imagens, sentimentos e emoções. O som estava impecável e proporcionava, junto com o restante da atmosfera, reflexões provocativas. Roger Waters é um padrão-ouro quando se trata de protesto, resistência e educação anti-establishment. Suas palavras e música ressoaram de forma poderosa, atraindo uma ampla gama de pessoas.

Um momento especial foi quando Waters compartilhou uma música que escreveu durante o lockdown, chamada The Bar. Essa faixa não foi lançada em nenhum álbum ou plataforma, o que torna a ocasião ainda mais extraordinária. Ouvir essa música pela primeira vez, juntamente com as imagens projetadas nas telas, trouxe lágrimas aos meus olhos. Este é um exemplo de como celebridades com poder devem usar sua voz. Roger Waters expressa claramente suas opiniões.

Não podemos esquecer de elogiar a incrível banda que acompanha Waters nesta turnê. Sem dúvida, eles desempenham um papel fundamental para que o show seja excepcional. Os guitarristas Dave Kilminster e Jonathan Wilson, o guitarrista/baixista Gus Seyffret, o tecladista/guitarrista Jon Carin, o organista Robert Walter, o baterista Joey Waronker, os backing vocals Amanda Belair e Shanay Johnson, e o saxofonista Seamus Blake são músicos talentosos que fizeram o show fluir sem esforço. Os solos de saxofone também foram impressionantes, e a banda principal tornou momentos como Money, Us & Them e Eclipse inesquecíveis.

Roger Waters continua a encantar seu público com sua energia inegável e é um privilégio e uma honra testemunhar sua atuação ao vivo. Se houver uma oportunidade de vê-lo novamente, não hesitarei. Se você aprecia a expressão criativa, o comprometimento com suas crenças e o talento de uma vida, deve assistir a Roger Waters ao vivo. Esse show ficará certamente marcado como um dos meus favoritos.

About the Author /

joelrneto12@gmail.com

2 Comments

  • Rodrigo Branco
    Outubro 30, 2023

    Excelente resenha. Senti-me como se estivesse lá. Parabéns Joel! Parabéns Moodgate!

  • best article writing service
    Dezembro 15, 2023

    best article writing service

    Roger Waters: This Is Not a Drill — um show de rock político e sensorial no Rio de Janeiro | Moodgate

Post a Comment