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No Allianz, NX Zero mostra porque é uma das maiores bandas do país

Por: Matheus Izzo

Assistir a um concerto do NX Zero em 2023 é como reencontrar um velho amigo. Você imagina que não deve mais saber quais são os passos em cima do palco, a setlist, as brincadeiras que farão com o público… mas, no fim das contas, tudo permanece no lugar. Essa perspectiva, inclusive, é compartilhada entre audiência e banda; eles sabem o que fazer para encantar os fãs com a mesma naturalidade de 20 anos atrás.

Em hiato desde 2017, o grupo se reuniu para a Tour Cedo ou Tarde, iniciada em maio com apresentações no MITA, em São Paulo e no Rio de Janeiro. O sucesso foi tão grande que a turnê se estendeu por grande parte do país, com shows lotados de norte a sul. Neste final de semana, o capítulo final dessa jornada começou a ser escrito no Allianz Parque, em SP, no que parece ser “o maior show da carreira” do quinteto.

“Obrigado pelo apoio nesses anos. Esse tempo separado fez a gente entender o tamanho do Nx e como essa banda significa o mundo pra vocês, fãs, e também pra nós. Acreditem nos seus sonhos” diz um emocionado Di Ferrero em frente às mais de 40 mil pessoas presentes na arena nesta sexta, (15). Eles iniciam a apresentação com faixas aclamadas como Só Rezo, Daqui Pra Frente, Bem Ou Mal e Pela Última Vez, hinos da geração emo e pop rock 2000. Ainda que hoje o revival do estilo e a nostalgia sejam pauta, na época em que ser emo não era tão legal assim, o Nx Zero asfaltava as próprias estradas, ainda que não gostasse de se limitar criativamente.

O quinteto sempre foi um projeto também radiofônico, popular, que contemplava seus próprios horizontes em caminhos que antes já haviam sido trilhados por ídolos do grupo, como Chorão e o Charlie Brown Jr.. Eles tocaram nos maiores festivais do Brasil, tinham canções nas novelas da Globo, colaboraram com bandas lendárias do país, etc. A cartilha de seguir os passos das referências foi completada com fervor. Essa ideia de relação entre “mentor e aluno” é demonstrada com emoção em cima do palco, quando o falecido vocalista do CBJR aparece no telão — antes da faixa que dá nome à turnê — com um discurso sobre sonhar e acreditar.

Ainda que canções mais novas e groovys como Meu Bem e Pedra Murano também façam parte do repertório, a viagem nostálgica que dita o ritmo fica por conta de Não É Normal, Inimigo Invisível, Insubstituível, Incompleta e Apenas Um Olhar, todas cantadas aos berros por quem há alguns anos ouvia as músicas em MP3 ou iPods de primeira geração. Em cada nota, uma lembrança. É como se cada faixa da setlist contasse um pedacinho da juventude de cada fã. Por isso a entrega do público é tão grande: cada um está ali cantando e narrando a própria caminhada. Há canções para se identificar com os altos e baixos das relações interpessoais, outras com a dor da perda e o luto. Tudo vira uma grande história.

Tecnicamente, o ponto a se destacar é a qualidade dos integrantes, que evoluíram como profissionais durante todos esses anos. Talvez esse seja o processo natural, mas como o Nx cresceu junto à geração, lado a lado com os fãs, o amadurecimento fica ainda mais visível quando o reencontro acontece dadas essas proporções. Caco e Dani permanecem gigantes na cozinha, dando espaço para Di, Fi e Gee desfilarem. O vocalista, conhecido também por diversos outros trabalhos além da banda, é carismático e encantador. As miçangas foram deixadas um pouco de lado, mas ele até que conseguiu revitalizar o visual característico de sempre. Fi, o rei dos goles – e a base sólida do grupo -, cumpre seu papel importante tão bem quanto Caco e Dani. No entanto, o destaque maior fica com Gee Rocha, que adotou a cabeleira e hoje soa como uma versão brasileira sem tanto wah-wah do ídolo John Frusciante, do Red Hot Chili Peppers (sem comparações, é claro).

Ele faz os backings, se divide entre solos e versos muito bem cantados, conversa com o público e parece ser o que mais se emociona durante a apresentação. Enquanto a banda estava em hiato, inclusive, o músico aparecia nas redes tocando algum som do grupo em seu próprio estúdio falando sobre sentir saudade. Há um ditado moderno que diz que você deve ser fã do seu próprio trabalho. E Gee, claramente, é um apaixonado pelo Nx Zero.

O fim do show é apoteótico. A banda sai do palco para dar espaço a um vídeo nos telões que passeia pelas diversas fases da carreira, numa espécie de recap. Há trechos da época de Diálogo (2004), de Agora (2008), de Sete Chaves (2009) e até mesmo do EP Estamos No Começo De Algo Muito Bom, Não Precisa Ter Nome Não (2014). Tudo para sintetizar o momento prestes a ser vivido: a sensação de dever cumprido. Razões e Emoções e Além de Mim, dois dos primeiros hits da banda, finalizam com chave de ouro a apresentação de um pouco mais de 2h, que deve virar DVD muito em breve.

O capítulo final da Tour Cedo Ou Tarde celebra não só a existência e a qualidade de uma das maiores bandas do Brasil, mas também a vida, o legado e a conexão de quem viveu o que não volta mais. Assistir a um show do grupo após alguns anos e uma pandemia no meio do caminho foi como reencontrar velhos amigos. Foi o abraço que fez falta, o sorriso que deixou de iluminar as estradas, a trilha sonora de paixões e histórias que há tempos não se ouvia.

Foto: Amanda Gaya

Nesta primeira noite sold out de Allianz Parque, o público lembrou, na prática, que pelo Nx Zero sempre valeu a pena esperar.

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moodgate.br@gmail.com

8 Comments

  • Shirley Fernandes
    Dezembro 17, 2023

    Eu fui dia 15, cantei chorei me emocionei, mas acima de tudo fiquei muito feliz em fazer parte desse final de tour tão esperada!!!!!
    Amo vcs família NX!

  • Daniella Gaudêncio
    Dezembro 17, 2023

    Que matéria incrível! Conseguiu descrever justamente o sentimento que eu senti! Parabéns pela sensibilidade! Que noite!

  • Valéria campos
    Dezembro 17, 2023

    Meu Deus, amo do fundo da alma está banda. Se pudesse iria ver todos os shows em qlq lugar do brasil, pena q não posso. O único q assisti em cabo frio quase morri de cantar de chorar. Lindos, vcs nunca deveriam parar de cantar, de nós alegrar em dias tão difíceis. Muita mas muita luz e energia p vcs

  • Mayalle
    Dezembro 17, 2023

    Eu fui na sexta-feira (15/12) foi incrível!!!!! Já estou com saudades NX

  • Natália Lima
    Dezembro 18, 2023

    Eu amo esses caras infelizmente não deu pra ir mais eles deveriam voltar

  • Mariana
    Dezembro 18, 2023

    Que texto foda! Me emocionei… Fui no show do RJ e não tem como não se apaixonar por NX. Que eles voltem pra mais turnês ♥️

  • Diego
    Dezembro 18, 2023

    Como eu queria ter ido nesse show incrível . Essa banda fez parte da minha infância e faz parte até hj , pq escuto várias músicas deles na minha playlist.
    Assim como citado aí em cima , é como reencontrar os amigos . Me lembro como se fosse hj o primeiro show da banda aqui em Campinas. E espero ir em um show novamente.
    Parabéns pela matéria essa banda é maravilhosa e perfeita . NX ZEROOOOOO

  • Cristiano
    Dezembro 18, 2023

    Ver essa matéria e ver aos comentários de outros fãs como eu só agradeço a Deus por ter vivido no tempo certo pra ver de pertinho o quão incrível é a FAMÍLIA NX-ZERO, eu vi eles em ilha bela e em São Sebastião há algum tempo atrás e fico triste de não poder ter ido em nenhuma turnê deles, espero que um dia volte que farei o possível e o impossível para ir. I LOVE YOU NX-ZERO

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