15 anos de BaianaSystem: por que a banda é uma das mais GENIAIS da música atual?
Em 2024, o BaianaSystem completa 15 anos de existência, e nós, da Moodgate, não poderíamos deixar esse marco passar em branco. Por isso, resolvemos contar um pouco da trajetória desse grupo notável e, também, alguns dos motivos que fazem dele um dos nomes mais diferenciados e brilhantes do atual cenário da música brasileira e (por que não?) mundial.
A banda surgiu em 2009, na cidade de Salvador, a partir da proposta de unir o som da Guitarra Baiana (instrumento que se tornou célebre nas mãos de nomes como Armandinho Macedo) aos Soundsystems Jamaicanos (normalmente associados ao Reggae e ao Dub). A ideia surgiu através de uma iniciativa do guitarrista da banda, Roberto Barreto, e funcionou muito graças à experiência que o vocalista Russo Passapusso possuía com a cultura Soundsystem, por ter integrado grupos como o Bemba Trio e o Ministereo Público Sound System.
Porém, a inventividade sonora da banda não se limitou apenas à inusitada adição da guitarra baiana a esse sistema de som: já em seu álbum de estreia (Baianasystem, de 2009), o conjunto chamou a atenção ao incorporar à música jamaicana vários elementos de gêneros afro-brasileiros – como o Frevo, o Samba e o Afoxé.
Produzido por Roberto Barreto, André T e pelo baixista da banda, Seko Bass, este primeiro álbum foi majoritariamente composto por músicas instrumentais, mas contou com a presença de várias participações especiais. A mais notável delas foi a do co-vocalista do Planet Hemp Bnegão – músico que acabou se tornando, praticamente, um membro honorário do Baianasystem, estando presente em muitas outras músicas que o grupo lançou de lá para cá, ajudando a promover o trabalho da banda e se apresentando ao vivo ao lado dela em várias ocasiões.
A sonoridade experimental e a presença de parcerias realizadas ao lado de artistas convidados geraram uma boa repercussão para este álbum de estreia e são duas características que o Baianasystem mantém consigo até hoje, em seus trabalhos.
Além disso, como os shows ao vivo sempre foram um ponto fortíssimo da banda, o grupo se destacou já em seus primeiros anos de estrada, ao esbanjar energia nos palcos de alguns festivais renomados– como a Virada Cultural de São Paulo, o Festival de Inverno de Garunhuns, a Expo Shanghai (na China) e o REC-Beat, de Recife. Foi nessa época, também, que o Baianasystem estreou nos palcos do Carnaval de Salvador – evento que, hoje, recebe a banda anualmente, em seu já tradicional trio elétrico Navio Pirata.
Em 2013, o grupo lançou dois EP’s intitulados Calundu e Terapia. Porém, faltava um grande hit, e ele veio apenas em 2015, com Playsom – single que fez parte da trilha sonora do videogame Fifa 16 e acabou integrando o segundo álbum da banda, Duas Cidades (2016).
Este segundo trabalho foi aclamado pelo público e pela crítica especializada, elevando o Baianasystem a outro patamar midiático. Contendo canções como Lucro (Descomprimindo), Cigano, a faixa-título e a já citada Playsom, Duas Cidades chegou a ser citado como o 5° Melhor Álbum Brasileiro de 2016, na lista anual da revista Rolling Stone Brasil, e rendeu à banda duas vitórias na cerimônia do Prêmio da Música Brasileira (nas categorias ‘’Revelação’’ e ‘’Melhor Grupo de Pop, Rock, Reggae, Hip Hop ou Funk’’).
Em 2017, devido ao imenso sucesso do segundo álbum, a banda estreou em festivais do porte do Lollapalooza Brasil e do Rock in Rio. No ano seguinte, veio o convite para gravar e produzir um remix da música O Segundo Sol (composta por Nando Reis e muito popular na voz de Cássia Eller) para a abertura de uma telenovela homônima, da Globo. Não foi a última vez que o Baianasystem esteve presente em um tema de abertura do canal: em 2021, a música Sulamericano (desta vez, uma faixa autoral da banda) foi escolhida para dar início a cada capítulo da telenovela Um Lugar ao Sol.
A inclusão de músicas do grupo em novelas da TV aberta é uma prova de que, mesmo com o caráter experimental e alternativo de suas músicas, o Baianasystem consegue dialogar não apenas com a cultura underground, mas também com a cultura popular – muito graças à incorporação de gêneros tipicamente brasileiros à sua fórmula musical. Embora nunca tenha deixado de ser o que é para agradar às massas, a banda sempre abraçou essa aceitação obtida dentro da esfera pop, adotando a presença de uma forte identidade visual (administrada pelo designer Felipe Cartaxo) para reforçar sua imagem dentro do mercado.
Em 2019, veio o terceiro álbum do grupo, intitulado O Futuro Não Demora. Contendo faixas como Sulamericano, Bola de Cristal, Salve e Saci, o trabalho foi tão bem-aceito pelo público e pela mídia quanto seu antecessor, e rendeu o Grammy Latino de ‘’Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa’’.
Na mesma época, o Baianasystem fez um show conjunto ao lado do lendário Gilberto Gil. A apresentação se tornou histórica e acabou ficando eternizada no álbum Gil Baiana Ao Vivo em Salvador (2020).
Em 2021, a banda lançou seu quarto trabalho de inéditas, OXEAXEEXU. Trata-se de um álbum dividido em 3 atos (dois cantados e um majoritariamente instrumental), onde o grupo recebe diversos artistas do cenário alternativo latino-americano e africano – tais como Chico César, Céu, Bnegão, Makavelli, Jay Mitta, RAPadura Xique-Chico, Thiago França e Bule-Bule.
OXEAXEEXU é, até o momento, o álbum mais recente do Baianasystem. Porém, de lá para cá, a banda vem lançando várias canções inéditas em formato de singles – quase sempre, em parceria com outros artistas.
Aliás, a essa altura, a lista de colaborações do grupo é invejável: além dos nomes já citados, o Baianasystem trabalhou, também, com artistas do naipe de Nação Zumbi, Elza Soares, Carlinhos Brown, Pitty, Ney Matogrosso, Djonga, Gilsons, Vanessa da Mata, Duda Beat, Antônio Carlos & Jocafi, Margareth Menezes, Curumin, Manu Chao, Olodum e Tropkillaz. As parcerias com músicos diversos tornaram-se cada vez mais frequentes e certeiras, na busca constante da banda por explorar cada vez mais as infinitas possibilidades sonoras e sempre apresentar materiais inovadores.
A junção de elementos musicais latino-americanos, africanos e jamaicanos promovida pelo Baianasystem passou a abrangir tantos gêneros que, até mesmo os próprios integrantes da banda se tornaram incapazes de descrever a sonoridade de suas músicas (e já declararam que não fazem questão alguma disso, por acreditarem que rótulos são ‘’limitadores’’).
Com um repertório que atinge tanto as grandes massas quanto o público do underground, o grupo coleciona participações nos maiores eventos de música do país e é conhecido por sempre entregar performances ao vivo eletrizantes que geram verdadeiras catarses coletivas nas plateias – tendo, inclusive, vencido prêmio de ‘’Melhor Show do Brasil’’ em eventos da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), da Folha de S. Paulo e do Multishow.
Isso tudo faz da banda um nome ímpar no meio musical. Gostando ou não, o fato é que, desde a época do estouro de Chico Science & Nação Zumbi, não surgia um grupo brasileiro com um estilo tão próprio, singular e inimitável quanto o do Baianasystem. Não existe nada parecido!