Royal Blood inicia turnê brasileira com show caótico em São Paulo
O Royal Blood é figurinha carimbada nos maiores festivais do planeta. Duo formado em Brighton, na Inglaterra, por Mike Kerr e Ben Thatcher, surgiu como uma das estrelas mais brilhantes no céu do garage rock anos 2010.
Com influências do blues e até do stoner, os músicos chamaram a atenção não só pelos excelentes primeiros trabalhos de estúdio, mas principalmente por suas performances ao vivo. Tudo, é claro, influenciado pelo elemento surpresa: a falsa simplicidade de uma banda de rock de arena construída apenas com baixo e bateria.
Na noite deste sábado, (13), o Royal Blood (@royalblooduk) levou o caos para a cidade de São Paulo! 🤘🏻🔥
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) April 14, 2024
Com setlist cheio de hits e muita energia, o duo fez a capital paulista tremer com a turnê do novo álbum, “Back to the Water Below”. 🪼
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Esse filme não é inédito e já foi visto algumas vezes, mas nem todo mundo nasceu para ser Jack e Meg White. O Royal Blood recusou o posto “indie” ou “alternativo” lá atrás, em seu disco de estreia, homônimo, de 2014. A bagagem de assumir a responsa de se fazer um som pesado e se distanciar das tendências, ditadas por nomes como Arctic Monkeys e Tame Impala, não foi tarefa fácil. Afinal, na indústria, quem tem coragem de rimar contra a maré?
O sucessor, How Did We Get So Dark?, de 2017, consolidou o principado dos ingleses como atração quase que revolucionária na “cena” do rock britânico. As apresentações ao vivo, que foram crescendo de tamanho com o passar dos anos, os trouxe ao Brasil pela primeira vez em 2015, no Rock In Rio. Três anos depois, se apresentaram no Lollapalooza. Agora, em 2024 e com dois discos a mais na coleção, eles voltam ao país para apresentar, além dos hits, as novas faixas de Back To The Water Below, o novo álbum.
Neste sábado, (13), aconteceu o primeiro show de turnê na Audio, na Barra Funda. A apresentação, em resumo, foi apoteótica. Com surpresas na setlist, como as faixas You Can Be So Cruel e Ten Tonne Skeleton, a dupla desfilou hits sem firulas e explorou muito bem a energia e conexão com os quase 3 mil fãs presentes no local. A sensação que fica é que eles fizeram um show que, no cenário perfeito, agradaria um Allianz Parque lotado.
“São Paulo, agradecemos demais a presença de todos vocês, é muito bom estar de volta”, disse um carismático Mike Kerr, que parece estar cada vez mais confortável na sua posição de cantor. Ele esbanja o misterioso charme inglês que não deixou de gostar das jaquetas de couro e o meio topete com gel, enquanto Ben, que tem como fiel escudeiro um característico boné, deu show de simpatia pulando nos fãs, entregando baquetas e se enrolando nas bandeiras presenteadas pelos apaixonados de primeira fila.
Em 1h30 de performance, o set teve 18 faixas. As canções do novo disco, que em estúdio não empolgam tanto, funcionam muito bem no cara a cara. No entanto, tracks como Boilermaker, Out of the Black, Lights Out, Little Monster e Figure It Out foram as mais ovacionadas, mas os fãs deram conta do recado com incontáveis moshpits e muitos, mas muitos berros. Mal se ouvia a voz de Kerr em alguns momentos.
A audiência é fiel pois a dupla, que surpreende por tirar um som de tamanha magnitude de só dois instrumentos – ainda que haja uma linha pré gravada nos backings para auxiliar o gogó de Mike e um ou outro detalhe, soa como uma releitura de tudo o que o garage rock ofereceu de melhor no passado, mas com um approach mais moderno e jovial. Não é todo dia que se vê um baixista que abusa dos efeitos tomando para si o protagonismo do que, supostamente, seria de um guitar hero da nova geração.
Para os amantes da música pesada com influências do blues, a nova turnê do duo é mais que um prato cheio. De casais e grupos de amigos a pais com seus filhos, o público diversificado entoa o que os britânicos são para as multidões: uma banda de transição geracional. Agrada por não abrir mão de um som heavy e por também dialogar com os mais jovens.
Ainda há por aí quem diga que o rock morreu. Esse papo chato, que só agrada os com má vontade em relação a tudo que é novo, felizmente cai por terra quando o público presencia e vive uma noite como a deste sábado. A apresentação na capital paulista provou o óbvio: se há alguém que pode ajudar o gênero a respirar sem aparelhos é o Royal Blood.
Se ainda não os viu, não perca a chance. A banda se apresenta no Rio de Janeiro, na terça-feira, (16). Últimos ingressos pela Livepass.