Loathe
Através do lançamento de “The Cold Sun”, em 2017, a banda de metalcore, Loathe, se tornou rapidamente popular entre nomes já definidos do underground. A conexão entre som pesado e ambiente, entrelaçando colapsos de prog-metal com texturas shoegaze serviu como um ponto de acesso efetivo para iniciantes. Seu ataque musical com dentes de ferro atrai influências de quase todos os aspectos, não apenas do meio, mas da música como um quadro geral.
Kadeem France tinha apenas 19 anos quando fundou o projeto em Liverpool junto do guitarrista Erik Bickerstaffe, mas os membros deslocados da cena aumentaram fileiras com a entrada do baixista Faiçal El-Khazragi e baterista Sean Radcliffe. Em setembro do ano passado, o grupo anunciou a saída do ex-guitarrista Connor Sweeney. Os elementos de nu metal piscam em boa parte de seus trabalhos, além das raízes do mesmo metalcore pulverizado que bandas como Code Orange e Northlane trouxeram de volta ao jogo. Apesar de muitas comparações com o Deftones, os músicos estabeleceram um próprio perfil e atmosfera.
É fácil ficar cínico quando uma melodia pesada abraça vocais limpos tão abertamente, mas desde a estreia do álbum brutal, ilimitado e brilhante “I Let It In And It Took Everything” (2020), a banda conquistou espaço nas fendas do gênero. Esse universo se expandiu com “The Things They Believe” (2021), um acompanhamento etéreo ao segundo disco e os singles “Dismorphous Display” e “Is It Really You?”, nova série de canções produzidas em colaboração com vários artistas.
Do ponto de vista de France – a criação de “I Let It In and It Took Everything” foi o exercício de correr riscos e despejar cada parte de si sem sucumbir às influências de outros nomes. O ato de se fechar para suportar um processo criativo que levou 451 dias do início ao fim, significou que Loathe foi capaz de produzir uma obra-prima verdadeiramente vital, mas inesperada.
A composição é coletiva e ninguém se apega aos seus instrumentos, pelo menos no estúdio (Kadeem pode tocar bateria; Sean às vezes toca guitarra; todos eles operam em loops, batidas e texturas eletrônicas). As experimentações vão de desejos de colaborar com o guru psicodélico do hip hop e jazz Flying Lotus até o rapper Earl Sweatshirt. Sem surpresa, o som esotérico dos músicos foi montado por meios não convencionais: intros de lutadores da WWE e trilhas sonoras de Twin Peaks, Tony Hawk e Silent Hill.
O último ano não foi nada além de uma jornada de ascensão para eles. São agentes de mudança. Sua música registra um espaço que vai perpetuar de forma significante, e promete influenciar outros grupos a buscar projetos que miram para locais pouco explorados. No final do dia, é preciso manter olhos e ouvidos em Loathe.
Alexandre Bastos Leitão
Review perfeito!!!