Stain The Canvas – All Fine / eniF llA
Stain The Canvas lançou o segundo álbum da carreira. Em All Fine / eniF llA, já com o som mais adaptado a uma identidade completamente associável à banda, eles mostraram que sabem entrar e sair de cena, deixando claro que não é o fim do espetáculo, em letras que nos conduzem a entrar em um insight.
O álbum se apresenta em suspense. Senti em 希望とは何ですか? algo parecido como se estivessem se vestindo calmamente para ir em direção a algo aterrorizante, mas o terror é o combustível. Quando menos se espera, Bryan (vocal) solta a força de seus pulmões nos fazendo até duvidar se esse som emitido é humanamente possível, mas extremamente esclarecedor. Trinta segundos tentando explicar o que está por vir: empenho, melodia e caos.
Na mudança de tom no segundo 29’ em HXPE, entendi que ela veio pra dizer alguma coisa. Não verbalmente, mas visceral. Algumas canções são feitas para serem ouvidas com os ouvidos, outras com o corpo em si. Com as batidas vagando entre trap e eletrônica, senti no meu tórax algo como um passeio do ar em mim, mas logo em seguida o breakdown surpresa fez o ar se esvair. Meu diafragma se contraiu e uma dopamina bizarra me preencheu. É como se eu precisasse ouvir essa música todos os dias, se eu pudesse, como psicóloga, colocaria nas salas de espera. Talvez facilitasse o meu trabalho. Com o Condemned lançado há uns tempos, não pude evitar cantarolar de olhos fechados. Contando com uma participação incrível do Telle Smith, da banda de metalcore do Arizona The Word Alive, a voz do artista compete o roubo da cena com a especialidade do Stain The Canvas: Breakdowns apocalípticos. Ale Bonetti foi a grande estrela no resultado do projeto. O baterista mostrou uma habilidade impactante no grande momento da canção. Vagando um pouco mais pelo álbum, esbarrar com End é nostálgico. Eu estava ocupada demais para sair de um anúncio do YouTube e esse anúncio era a música End. Me lembro de correr até a televisão para garantir não perder mais essa canção do meu fone de ouvido. Mas acompanhar algo sobre a banda era desafiador. Não havia muitos nomes e um total de zero notícias sobre o grupo, mas como uma banda “desconhecida” poderia produzir algo tão competente? Pensado aos mínimos detalhes, até as cores e movimentos do videoclipe pareciam me persuadir a sentir o que eles queriam. End se tornou patrimônio tombado na história do Stain The Canvas, sendo a clássica porta de entrada de muitos fãs. Os motivos variam entre a beleza angelical do guitarrista Lorenzo (H) Accattoli e as nuances de profissionalismo e liderança de uma nova era se aproximando.
É engraçada a habilidade das canções de contar histórias. I Don´t Believe In Anything, Anymore me contou uma vida em 34 segundos. O tempo da calma enquanto espera o elevador chegar em seu andar. STC foi brilhante em incluir essas pequenas melodias, quase como uma pausa útil. E bem, a música LXVE em si precisa ser aclamada com aquele coro no refrão. Mas apesar de impecável, preciso falar na posição de ouvinte além de redatora que a cena da banheira não me desceu bem. Fui miseravelmente provocada pela arte enquanto ativava meus gatilhos e eu só quis vomitar de estresse. A mão pode ter sido pesada enquanto o enfoque está na tesoura. Talvez apenas o conceito de um líquido vermelho banhando o corpo do Bryan poderia ter sido o suficiente para o meu estomago. Mas a arte está presente para encantar, embrulhar ou arranhar. Enquanto Keep Dancing nos enrosca dentro de um elevador sombrio avisando que o prédio está possuído, a guitarra insana em Puppet dança dentro do meu cérebro junto ao Get Scared envolvido nesse projeto que parece mover meu corpo sem que eu perceba. Abrindo meus olhos, All These Lights Are Graves parece ser a trilha sonora de um sonho que tive enquanto dormia. Meu inconsciente me joga pra uma vila perigosa enquanto sinto cheiro de rosas. E finalmente, confesso ter ficado muito ansiosa pra ouvir a história que Brain Is The Closest Thing To A Time Machine We Have e mesmo sem saber que essa seria a canção que fecharia as cortinas do álbum, não errei em colocar toda a minha expectativa. Tudo nessa canção é precioso. Bryan fala mansamente, harmonias no refrão que fazem minha mente atingir uma sensação quase física e aguda. A letra é pra fazer sentar-se e chorar. Provavelmente, minha canção favorita em todos os âmbitos. É como um consolo, um amigo me dizendo o que minhas artérias vibram.
O álbum em si é iniciado parecendo uma sessão de terapia nos colocando na posição de ouvinte, mas dá pra sentir lentamente o mundo girando e minha posição se invertendo. Fui posta a dançar, agonizar, chorar e ressuscitar. Stain The Canvas conta histórias nas notas das canções, Lorenzo sabe exatamente qual “dó ré mi” vibrar pra persuadir o ouvinte a sentir o nó em cada órgão. Como um fã de horror entrando num parque de diversões aterrorizante, o álbum termina onde precisa terminar, sendo assim, perfeito. Em tons de uma despedida breve, eles nos mostraram que sabem entrar e sair de cena, mas o espetáculo não terminou. Nesse doce caos me remetendo a algo ambíguo, a capa do álbum sendo uma flor em chamas no espelho fechou com chave de ouro, um ouro brilhante e extremamente valioso.