BROCKHAMPTON – The Family
As sementes de BROCKHAMPTON foram plantadas em 2010, quando os futuros membros Vann, Joba, Matt Champion, Merlyn Wood e Kevin Abstract cursaram o ensino médio em The Woodlands, Texas. Após a dissolução do grupo AliveSinceForever (que incluía Kevin, Vann e Dom McLennon) em 2014, o BROCKHAMPTON tomou forma como um coletivo de 14 fortes, alguns dos quais foram recrutados por Abstract por meio de um fórum de fãs de Kanye West. Em 2016, eles estavam gravando juntos e sendo co-gerenciados por Christian e Kelly Clancy, que recentemente atingiram o ouro com Odd Future. Agora, BROCKHAMPTON nos deixa um presente de despedida agridoce: The Family, seu sétimo e – eles insistem – último álbum.
A turma é conhecida pela produção prolífica – lançou seus primeiros cinco álbuns em pouco mais de dois anos – então não deve ser muito surpreendente saber que optaram por seguir a rota cênica na última saída. Mas seus corações ainda estão nisso? “A gravadora precisava de 35 minutos de música / É a verdadeira merda”, Kevin Abstract quase suspira no flutuante single principal “Big Pussy”, tendo concedido na faixa anterior “Gold Teeth”: “Nós assinamos muitos álbuns filhos da puta? Provavelmente.”
The Family não apresenta um ritmo suave, deixando o álbum de 17 faixas similar a um EP de 17 minutos. No entanto, isso não o afasta da emoção crua compartilhada. BROCKHAMPTON deixa transparecer, oscilando entre o que funciona e o que não funciona. O disco é um texto rico que mantém a maioria das palavras curtas e doces, mas com profundidade retumbante para que você seja incentivado a reproduzir e entender melhor. Na sombria e sonhadora “Prayer”, Abstract fala sobre como tem sido difícil seguir em frente na mídia de hoje, enquanto o zumbido do órgão da igreja afoga sua tristeza. É através de fluxos, lirismo e produção, a idéia de que nem tudo que reluz é ouro, pois muda a positividade da mensagem; nos permite entrar nas trincheiras do que está acontecendo.
O rapper tem consideravelmente mais tempo no ar do que os outros membros, porque pinta um quadro de relacionamentos interpessoais e o impacto da fama na banda. “Essa é a visão mais corrompida / Transformei minha amizade em um negócio / Um império”, ele reflete na faixa “The Ending”, uma das várias instâncias ao longo do disco em que relembra a montanha-russa do grupo e pressão de prometer demais para sua gravadora. Trabalhando no disco apenas com Bearface e Romil Hemnani, essa abordagem simplificada provavelmente desapontará alguns fãs que esperavam ouvir contribuições finais dos vocalistas Champion, Joba, Merlyn Wood e Dom McLennon.
Enquanto a faixa “Take It Back” mostra os músicos brindando ao sucesso, seu tom se torna mais comovente conforme o álbum continua. Na potente “All That”, algumas duras verdades são contadas e confirma tensões há muito especuladas. “O show acabou / Retire essas placas / É hora de seguir em frente ”, observa Kevin em “Good Time”, antes de “The Family” vê-lo cuspir fogo sobre backings melódicos, com Bearface nos vocais: “Você tentou manter isso vivo / Eu vou ficar bem / Então deixe ir.”
Musicalmente, The Family fornece uma rica paisagem sonora e amostras de alma de esquilo, criando um campo eletrizante no qual o grupo pôde revelar sua essência. A honestidade brutal do disco desafia convenções de como deve soar um material de encerramento. Apropriadamente chamada de “BROCKHAMPTON”, o single final marca a oferta mais longa do projeto e dedica linhas a cada membro sobre um fundo extraordinário de cordas: “O show acabou / Depois de tudo o que passamos / Romper é algo difícil de fazer.”
Abstract sempre foi profundamente pessoal com ou sem BROCKHAMPTON; ele investiga sua identidade como um artista de visão caleidoscópica. Seus compassos oscilam entre feroz e vulnerável, aterrorizado e em paz. The Family é uma entrada notável, especialmente por essas métricas – o trabalho de um momento muito específico, amarrado ao passado, mas determinado a se libertar no futuro.
