A Day To Remember: A Influência do Post-Hardcore na Música Moderna
O A Day To Remember desembarca no Brasil em março para cinco shows que, para seus fãs, têm tudo para serem inéditos e nostálgicos. A banda, presente na cena emo e alternativa há mais de uma década, retorna ao país pela primeira vez desde 2022, quando se apresentaram no Lollapalooza, para os shows do I Wanna Be Tour, festival da 30e que acontecerá em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife e Belo Horizonte no próximo mês.
O quarteto, que é formado por Jeremy McKinnon (vocal), Neil Westfall (guitarra), Alex Shelnutt (bateria) e Kevin Skaff (guitarra), além de percorrer o país em 2024, navega pelo emo desde 2003, passando pelo pop punk, metalcore, post-hardcore, rock alternativos e seus derivados com autenticidade, devido a essa mistura de sub-gêneros fervorosa. De Ocala, Flórida, o grupo marcou e ainda marca gerações com sons vibrantes e shows enérgicos. Com sete álbuns até então, o ADTR, também é chamado, possui nove álbuns com eras marcantes e uma vasta trajetória no meio alternativo.
A Moodgate passou de era em era e selecionou três músicas imperdíveis de cada uma delas para você já se aquecer para os shows da I Wanna Be Tour, ou, até mesmo, conhecer mais sobre a banda! Confira:
And Their Name Was Treason (2005)
Para seu debut, como muitos chamam, o A Day To Remember lançou o And Their Name Was Treason, seu primeiro disco de estúdio. Agressivo, agitado e sem papas na língua são expressões possíveis para definir o álbum. Lançado pela Indianola Records, projeto foi, claramente, o mais arriscado. Afinal, quando uma banda estreante mostra seu peso logo de cara, não só com a melodia, mas, também, com uma composição de instrumentos estridente, é de se admirar, pois é uma aposta ousada. No caso do ADTR, além de ousada, também foi certeira, eles sabiam o que estavam fazendo. Essa segurança entregou o post-hardcore em grande estilo e força, sem nenhum contorno ou receito em 10 faixas.
Destaques: You Had Me At Hell, You Should Have Killed Me When You Had The Chance e Heartless.
For Those Who Have Heart (2007)
Com riffs de guitarra imersivos, ritmos pesados e envolventes, o post-hardcore prevalece em êxito em For Those Who Have Heart, segundo disco do quarteto. As faixas do álbum estão longe de ser comerciais, mas são contagiantes e, de longe, hits.
O disco também conta com versão deluxe, que acrescenta quatro faixas à sua composição – sendo 12 faixas na versão anterior. Dentre elas, há um cover de uma música da cantora Kelly Clarkson, Since U Been Gone, aqui mais enérgica e calorosa.
O segundo álbum de estúdio do ADTR, foi o último com a sua formação original, já que, após ele, Bobby Scruggs (bateria) deixou a banda. No entanto, com uma saída se dá uma chegada, e Alex Shellnut veio em um excelente momento.
Destaques: Monument, A Shot In The Dark e Since U Been Gone
Homesick (2009)
O post-hardcore resolveu dividir seu espaço com o pop punk em Homesick, álbum que consolidou a carreira da banda, isso porque apresentou a identidade marcante que foi seguida na maioria de seus trabalhos posteriores, o que conquistou muitos fãs, também. No topo das paradas, o disco, com 12 faixas, trouxe hits que são conhecidos ainda hoje, como The Downfall Of Us All, If It Means A Lot To You e I’m Made Of Wax, Larry, What Are You Made Of?.
Após Homesick, a saída de Bobby Scruggs passou a não ser a única, já que Tom Denney (guitarra) também deixou a banda. Além de ser o responsável por criar o ADTR, ele saiu deixando o presente que foi esse disco, sendo ele um dos mais famosos do quarteto até hoje. Após isso, Kevin Skaff chegou para completar o grupo.
Destaques: Have Faith In Me, Mr. Highway’s Thinking About The End e Homesick.
Who Separates Me From You (2010)
O What Separates Me From You marca com o metalcore e o pop punk juntos, também sendo um grande sucesso do grupo. No entanto, é aqui que o A Day To Remember chega até um instrumental mais leve. Mesmo sendo menos agressivo, com 10 faixas, o peso continua o mesmo, visto que o disco não se prende somente a essa pegada. Além disso, ele se equilibra entre faixas leves e árduas, o que mostra que a banda consegue dominar as duas nuances. Os elementos do pop punk, inclusive, continuam mais presentes aqui. Eles podem ser vistos em todo álbum, tendo destaque nos singles 2nd Sucks, All I Want e All Signs Point To Lauderdale.
Destaques: 2nd Sucks, All I Want e All Signs Point To Lauderdale.
Common Courtesy (2013)
O quinto álbum de estúdio do ADTR, Common Courtesy, transita entre screamos e acústicos. A leveza do álbum anterior fica mais intensa nesse álbum. Ele mistura, em 16 faixas, o post-hardcore com o pop punk, o que reforça a identidade da banda, trazendo nostalgia. A transição de ritmos entre as faixas sequenciais, Best Of Me e I’m Already Gone (single), é equilibrada e mostra a divisão de água do disco que, por sinal, funciona sem esforços.
O disco tem faixas de tirar o fôlego, como City Of Ocala, Right Back At It Again e Violence (Enough Is Enough), que mostram um pouco da ousadia do primeiro álbum do grupo, mas agora, com mais maturidade e, também, mais melancolia.
Destaques: End Of Me, I Surrender e Good Things
Bad Vibrations (2016)
Aqui, a mistura entre os gêneros musicais dominantes – pop punk e metalcore – usados pela banda continua, mas a diferença é que Bad Vibrations é mais sério, não é um pop punk teen ou rebelde que, às vezes, o ADTR transmite. Com 11 faixas (duas extras com o deluxe), o disco aborda um tema polêmico que é a saúde mental – o que já fica explícito no nome do álbum – e a complexidade humana. Ele é intenso, profundo e enérgico. Os singles como Bullfight e Bad Vibrations (singles), por exemplo, transmitem essa mensagem com muita coerência. Além desses, o single Paranoia resume bem o álbum. A canção fala sobre angústia, medos e autodepreciação, causadas, nitidamente, por ansiedade e correlatos. “Eu paro e olho com medo do desconhecido, números desconhecidos estiveram enchendo o meu celular. Estou ouvindo passos do lado de fora da minha casa, eu tenho medo que alguém tente me levar”, Jeremy canta em Paranoia.
Destaques: Paranoia, Bad Vibrations e Bullfight
You’re Welcome (2021)
Após passar a fazer parte da Fueled By Ramen e lançar Rescue Me, parceria com Marshmello, já era de se esperar um novo caminho vindo da banda. You’re Welcome, com certeza, não era o que os fãs do ADTR esperavam, o que causou uma divisão de opiniões após seu lançamento. Fora da risca, o álbum traz um pouco dos gêneros mais imersos em seus trabalhos, mas se preocupa mais em se aprofundar em uma nova identidade – uma jogada mais pop e eletrônica, com a tendência de apresentar músicas mais pegajosas.
Os gritos, riffs e a pegada pop punk prevalecem o bastante para percebê-los, mas não o suficiente para vibrar, gritar e se enfiar em um moshpit, no entanto. Tendo seis singles e, no total, 14 músicas, o disco se apega mais em ritmos comerciais. Pode-se ver isso com clareza nas faixas Mindreader, Bloodsucker, Resentment e Re-Entry, por exemplo, que trazem o aspecto alternativo da banda, mas não demonstram apego, o que as leva para um caminho mais eletrônico. Em contrapartida, também há faixas mais acústicas ou, até mesmo, com um ritmo mais soft-pop. Only Money, Everything We Need, F.Y.M. e High Diving provam desse fator. As canções que simpatizam mais com o pop punk e quase com o post-hardcore, por exemplo, são Brick Wall, Last Chance to Dance (Best Friend), Degenerates e Permanent.
Destaques: Resentment, Viva La Mexico e Permanent