Lenny Kravitz — Blue Electric Light | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Lenny Kravitz — Blue Electric Light

Em seu novo álbum Blue Electric Light, o cantor e multi-instrumentista Lenny Kravitz dispensou baladas românticas radiofônicas do naipe de Again e Can’t Get You Off My Mind para dar espaço à mistura de Rock, Soul, Funk e R&B que fez a mídia compara-lo com Prince já na época dos lançamentos de seus três primeiros (e avassaladores) álbuns Let Love Rule (1989), Mama Said (1991) e Are You Gonna Go My Way (1993).

Blue Electric Light é mais irregular do que esses três registros citados e não chega a ter um ponto tão apoteótico quanto a maravilhosa It Ain’t Over Til It’s Over (obra-prima do álbum mais aclamado de Kravitz, Mama Said). Entretanto, ainda assim, ele não deixa de trazer algumas canções com potencial para se tornarem grandes clássicos do repertório do cantor americano.

O clima do álbum começa morno, com It’s Just Another Fine Day (In This Universe of Love), mas logo depois esquenta, com a ótima e explosiva TK421 – que havia sido lançada em outubro do ano passado, como o primeiro dos três singles promocionais do novo trabalho. Logo depois, o nível se mantém alto, com o sensacional R&B Honey e os outros dois singles muito bem-escolhidos de Blue Electric Light: o rock Paralyzed (único momento do álbum em que o peso fala mais alto que o groove) e a enérgica e dançante Human.

Em seguida, porém, vem a primeira derrapada: a sexta faixa Let It Ride peca, não apenas pela falta de originalidade ao tentar imitar a sonoridade de Prince, mas também pelo exagero em tentar trazer um clima de sensualidade – o que resulta em uma música que parece ter sido feita para tocar em um strip-club barato. A vontade exagerada de soar como Prince também deixa a identidade própria de Kravitz de lado na oitava faixa Bundle of Joy, mas antes dela há a boa Stuck in the Middle, que consegue dosar melhor as influências do falecido cantor com o toque próprio do roqueiro de 60 anos.

Love Is My Religion também traz de volta uma identidade própria maior, mas passa longe do alto nível de qualidade apresentado na primeira metade do álbum… que só volta a dar as caras nas sensacionais Heaven e Spirit in my Heart – a primeira é um Funk dançante carregado por uma excepcional linha de baixo, enquanto a segunda é uma balada de Soul Music que utiliza elementos roqueiros de uma forma sutil, mas muito certeira.

A faixa-título que encerra o álbum, entretanto, tenta ser épica, mas não traz nada de extraordinário, resultando em um final de audição morno. Apesar disso, o saldo final de Blue Electric Light, como um todo, é satisfatório e mostra que Kravitz ainda é capaz de impressionar musicalmente – principalmente se levarmos em conta que o cantor se fez quase que onipresente na concepção deste trabalho (assim como ele sempre faz em todos os seus álbuns de estúdio), tendo assinado sozinho a produção de todas as faixas, gravado todas as linhas de voz, baixo, bateria, teclados, sitar e percussão (além da maior parte das guitarras) e assinado sozinho 8 das 12 composições.

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Diferente dos três primeiros álbuns do cantor, Blue Electric Light não chega a ser um clássico. Porém, seria injusto dizer que ele não prova que Kravitz chegou aos (inacreditáveis) 60 anos de idade ostentando, não apenas um porte físico digno de deixar muitos jovens com inveja, mas também uma produtividade artística ainda capaz de proporcionar grandes canções, ainda que de maneira menos constante, em comparação a antigamente.

Nota: 7.8

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