Ela veio. E, com ela, trouxe lições. Algumas para o público, outras para a organização. Mas todas de grande valor.
No último sábado (3), Lady Gaga deu o pontapé inicial no “Todo Mundo no Rio”, iniciativa da Corona, Bonus Track e Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, levando 2.1 milhões de pessoas às areias de Copacabana, local onde o show gratuito ocorreu. Durante a apresentação da Mother Monster, que ficou amplamente conhecida como “Gagacabana”, a excelência salta aos olhos, mas não é nela em que está contido o maior bem da performance de Gaga.
Com base em pilares estéticos do Gótico e estruturais da Ópera, a responsável por ‘Abracadabra’ colocou estrutura gloriosa e setlist desapegada de alguns de seus maiores sucessos sobre a mesa, ambas já apresentadas no Coachella.
PREPAREM OS OUVIDOS! A galera tá mandando ver com ‘Abracadabra’. Se tudo seguir assim, em breve, o #GAGACABANA fará o Brasil pirar com a transição para ‘Judas’. 🖤pic.twitter.com/ooS1J6PZqg
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) May 4, 2025
Durante a apresentação, a cantora trava duelo implacável contra o caos, tornando a narrativa explícita na apresentação de ‘Poker Face’, em que batalha em um grande tabuleiro de xadrez, e na introdução, ‘The Manifesto of Mayhem’, em que alicerça a experiência do público com detalhes da narrativa.
Como esperado, em toda a apresentação, Gaga apresenta estamina acima do normal. Em meio às inúmeras coreografias, a Mother Monster encontra espaço para uma voz cristalina, que, em um microfone de lapela, baila em consonância com a respiração da cantora, conferindo naturalidade às interpretações. E é neste detalhe que há beleza e lição no “Gagacabana”: Lady Gaga está disposta a mostrar ao mundo que, não importa quão grande e detentor de múltiplos dígitos é, se há paixão, é ela quem deve imperar.
Com vocês, ‘Killah’, também conhecida como a queridinha do editor que vos fala. E saibam que nós ouvimos o que vocês falaram sobre ela por aí, tá? Se liguem neste MUSICÃO e nesta performance MONSTRUOSA que abrem o terceiro ato do #GAGACABANA.🤘🏼👹🖤 pic.twitter.com/WrymCxRGBF
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) May 4, 2025
Dos figurinos reimaginados para fazer referência ao Brasil, passando pelo discurso com tradução simultânea e finalizando nos discursos envoltos em olhos marejados, Lady Gaga transborda verdade. Quando entoou em ‘ARTPOP’ que é pela música, não pelo hype, a artista não se deixou ser leviana ou pretensiosa. E é nítido. Afinal, quem, após uma das apresentações mais exuberantes das últimas décadas, teria a sensibilidade de não adentrar o camarim ao findar do show, mas, sim, voltar ao palco, cercar-se de sua equipe, admirar fogos de artifício, que seriam somente elementos para indicar ao público que cessou o espetáculo, enquanto derrama lágrimas, agradecimentos e cantos quase sussurrados e emocionados? Sim, esta pessoa é Gaga. Uma diva Pop que se permite ser gente. E que, para nós, deixa cravado: é preciso, em meios aos processos, perder-se do que sempre foi objetivo? E é preciso ao ver o outro perder-se taxá-lo insuficiente, usurpando dele as possibilidades inerentes à vida, como, por nós, público, foi feito com Gaga em lançamentos como ‘Joanne’, frequentemente apontado como fraco e declínio da artista?
O ENCORE DE BAD ROMANCE!! A galera cantando NO GOGÓ, sem respiro, sem pensar, só sentindo!
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) May 4, 2025
Esse momento vai ficar pra história do Brasil (e dos Little Monsters)! 🖤🔥#TodoMundoNoRio #MAYHEMOnTheBeach #MAYHEMNaPraiapic.twitter.com/USk8POeayD
Gagacabana é um convite, embora à arte, à reflexão, quiçá reposicionamento.
E momentos sensíveis, criativos e cheios de vontade, como os propostos por Gaga, preenchem lacunas que, para 2026, precisarão ser revistas, a começar pela mobilidade urbana, que, ao lidar com 2.1 milhões de pessoas pelas ruas, mostrou-se ineficaz. E tumultuada. Os telões espalhados por toda Copacabana também necessitarão de atenção especial para que os delays sejam menos incômodos e os glitches sejam extintos.
Embora precisasse de pequenos refinamentos, a 1ª edição do “Todo Mundo no Rio”, conduzida por Lady Gaga, brilha e nos faz pensar sobre quão fundamental arte e cultura são para o país. É possível, nas redes sociais, encontrar comentários de proprietários de negócios locais agradecendo pela iniciativa, já que esta escalou o faturamento mensal, trazendo alívio às balanças.

É arte. É lazer. É impacto na economia. É, embora possua adversidades, um viva ao “Todo Mundo No Rio”. Um viva à excelência e sensibilidade de Gaga. E um viva ao próximo show gratuito em Copacabana.
E um último viva às publicações de Eduardo Paes. Até a próxima, Dudu!
Pronto! Tá aí! Ia guardar pra mim mas a Criss(única estrela da minha vida) me liberou para postar com exclusividade!
— Eduardo Paes (@eduardopaes) May 4, 2025
Todo mundo no Rio. O Rio no mundo tudo. Não se fala de outra coisa. Recorde mundial, manchetes em todas as línguas. Viva o Rio, os cariocas, os visitantes e os… pic.twitter.com/B1WD4NvFV4