Fresno: histórias, vertentes e impacto na cena emo nacional | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Fresno: histórias, vertentes e impacto na cena emo nacional

Diante a revivals como o do Nx Zero e do Forfun e a introdução de novas bandas e artistas na cena emo nacional, há nomes que permaneceram nela, cumprindo lançamentos e fazendo shows e turnês durante todos esses anos. Dentre eles, não tem como não pensar na Fresno, banda porto alegrense formada em 1999 e ativa desde então. A Fresno é parte da line-up do festival idealizado pela 30e, I Wanna Be Tour, que acontecerá em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife e Belo Horizonte em março, e possui uma longa trajetória musical, com 10 álbuns de estúdio e dois EPs.

Por isso, a Moodgate fez uma viagem no tempo pela Fresno, considerando sua importância para o cenário alternativo e sua história até aqui. Confira:

Demos, hits e a consolidação da carreira com Ciano

Em seu início, 25 anos atrás, a Fresno tinha em sua composição Leandro Pereira (vocal), Lucas Silveira (guitarra), Gustavo Mantovani (guitarra), Pedro Cupertino (bateria). Para completar, Bruno Teixeira (baixo) se juntou aos quatro integrantes logo depois. Formada por amigos de colégio, a Fresno nem sempre teve esse nome: “Democratas” era como a banda se chamava, até, pelo menos, os membros terem conhecimento que já havia outro grupo musical detendo o uso dessa palavra.

Em 2001, eles oficializaram seu primeiro lançamento. Foi a primeira demo do grupo, chamada O Acaso do Erro e composta por seis músicas. No mesmo ano, Leandro deixou a banda e Lucas assumiu a posição de vocalista. Seguidamente, em 2003, os gaúchos lançaram o Quarto dos Livros, seu primeiro álbum de estúdio, de forma independente, com sete faixas. Já em 2004, a Fresno não parou, lançando mais um álbum, O Rio a Cidade a Árvore, com 12 faixas.

E, então, chegou 2006, um ano importante para a banda, o ano de lançamento de Ciano, disco com 14 faixas, caloroso e potente. Aqui, a Fresno consolidou sua carreira no cenário musical alternativo local e disparou em rádios e na MTV – afinal, para quem acompanhava o canal televisivo, com certeza se lembra de ver a banda tendo seu espaço com o clipe de Alguém Que Te Faz Sorrir. Foi, também, nessa época que o baixista Bruno deixou a banda, deixando seu lugar para Rodrigo Tavares, que também permaneceu como membro até 2012.

Com direito a Disco de Ouro, o álbum Redenção, lançado em 2008 e composto por 13 faixas, entregou o hit Desde Quando Você Se Foi e uma face com mais energia e pop, bem como com menos agressividade, característica mais notável em seus trabalhos anteriores. Neste mesmo ano, no entanto, o baterista Pedro deixou a banda, dando espaço, inicialmente, a Bell Ruschell – da banda Abril – e, mais tarde, em 2013, para Thiago Guerra, que, até hoje, permanece com a Fresno. Nesta mesma época, em 2010, Mario Camelo entrou na banda para integrar como tecladista, posição que ocupou até 2021.

Os discos Revanche (2010), com 13 faixas, e Infinito (2012), com 11 faixas, retornam ao punk e ao hardcore raiz explorado pelo grupo, estando repletos de músicas melancólicas, daquelas para se extravasar. Já A Sinfonia de Tudo Que Há (2016), também com 11 faixas, é possível notar um maior experimentalismo, com ritmos sonoros voltados para o indie e canções mais soft, mas ainda tristes. Porto Alegre (Revanche), Diga, parte 2 (Infinito), e O Ar (A Sinfonia de Tudo Que Há), são músicas que possuem composições memoráveis e bastante carinho por parte dos fãs.

Além de álbuns, a Fresno lançou dois EPs: Cemitério Das Boas Intenções (2011) e Eu Sou a Maré Viva (2014), os dois com cinco faixas.

A importância da Fresno para o emo nacional

Não dá para falar de Fresno sem citar Sua Alegria Foi Cancelada, disco experimental, melancólico, com tons eletrônicos e uma pegada mais indie, características que já apareciam no projeto anterior, inclusive. Lançado em 2019 e contendo 10 faixas, o álbum definiu uma nova cara para o grupo e provou o que já estava claro: a Fresno não se prende a uma única vertente.

No entanto, suas composições aqui são tão intensas quanto em seus trabalhos anteriores. Lucas Silveira discorre entre temas doloridos e pessoais. “Cada acidente me fez diferente, e te colocou. Eu nem lembrava com quem falava, bem na minha frente, meu coração parou”, reflete ele em Cada Acidente, canção com participação de Tuyo.

É diferente de tudo o que eles já haviam produzido, o que, também, não é muito difícil, visto que inovação é um pilar notório se comparar com todos os álbuns da banda.

Talvez seja certo definir que o momento em que a influência e a importância da Fresno se fizeram explicitas foi após seu oitavo álbum. Isso porque, após tantos anos de carreira, apostar na versatilidade e no experimentalismo diante do alternativo e do emo nacional, é um grande desafio, por não ser, exatamente, um meio mainstream. No entanto, a banda manteve um legado de fãs durante todo esse tempo, não deu pausas, não realizou turnês de reencontro como está sendo visto nos últimos anos, e, sim, se reencontrou a cada disco para que todos eles fizessem sentido com a fase em que estavam.

E isso, sem dúvidas, ficou ainda mais óbvio com o lançamento de INVENTÁRIO (2021), coletânea de 20 músicas com diversos feats., que vão do emo ao indie com equilíbrio e ritmos experimentais, o que a Fresno já estava provando há um tempo. A faixa ELES ODEIAM GENTE COMO NÓS, posteriormente, entrou para a composição do álbum Vou Ter Que Me Virar.

O disco mistura o emo e o indie em 11 faixas, sendo, com certeza, um presente aos fãs de longa data do grupo. O VTMQ aborda sobre medos, angústia e amor, bem como faz críticas sociais e governamentais relacionadas ao momento que o Brasil estava passando em 2021 para trás. E, em relação a isso, a Fresno foi uma das bandas que mais se posicionou contra o governo Bolsonaro e o genocídio causado por ele durante e depois da pandemia, comprovando, mais uma vez, sua influência e, também, sua preocupação para com o país.

No Lollapalooza de 2022, a banda se apresentou com uma setlist voltada para seu décimo álbum de estúdio e, além disso, se posicionou politicamente com a música FUDEU!!!. “E o prеsidente, basicamente, quer te exterminar. E o ideal fascista já conquistou teu núcleo familiar. Fodeu!”, é dito em um trecho da música.

https://twitter.com/QuartEMO/status/1508773975844868102

O álbum também possui parcerias com Lulu Santos, Alejandro Aranda e Yvette Young.

Em 2023, a banda lançou o single Eu Nunca Fui Embora, que trata de corações partidos e, não ironicamente, faz alusão ao seu passado com o nome da faixa, já que a Fresno sempre esteve aqui, nunca parou e, há anos, faz seu nome na cena alternativa brasileira. Lucas Silveira, Gustavo “Vavo” Montevani e Thiago Guerra percorrem o emo com identidade, posicionamento e legado e, ao que parece e se espera, isso está longe de ter um fim..

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