Entre o pôr do sol e o rap: conheça Jaden Smith
Jaden, ou Jaden Smith, como muitos conhecem, é ator, rapper e compositor. Filho de Will Smith e Jada Smith, ele foi introduzido à Hollywood desde criança e ficou conhecido pelos filmes Karate Kid e À Procura da Felicidade – longa que atuou com seu pai, Will. Além de sua trajetória no cinema, ele se mostrou cada vez mais forte como rapper, e sua aptidão ficou cada vez mais evidente ao longo dos últimos anos.
A Moodgate traçou a carreira musical do cantor desde o início, destacando toda a sua evolução. Confira:
A trajetória musical de Jaden é versátil e enérgica
Anteriormente tendo feito parcerias com Justin Bieber e Kid Cudi, o cantor lançou seu primeiro single, The Coolest, em 2012, com direito a videoclipe, uma dose de rima e batidas sofisticadas. Seguidamente, disponibilizou seu primeiro álbum, o The Cool Cafe – Cool Tape Vol. 1, que conta com 18 faixas. O disco possui batidas relaxantes e leves, com influência forte ao R&B e uma pitada de Hip-Hop, e foi o trabalho menos arriscado do artista até agora.
Em 2016, Jaden lançou o segundo volume da série Cool Tape, o disco CTV2, que possui oito faixas, e segue a mesma risca de The Cool Cafe: nada muito pesado e, sim, relaxante. Um álbum para se escutar quando você precisa de uma pausa — é, aquela pausa.
Com demos e mixtapes pelo YouTube, Jaden oficializou sua chegada definitiva na música em 2017. SYRE, que, curiosamente, é seu nome do meio, é composto por 17 músicas e seu primeiro single, Fallen, deu início a um novo trajeto para a carreira do cantor. O disco é marcado por uma identidade visual que usa e abusa de tons pink, explorados em ambientes, principalmente no céu e durante o pôr do sol, típicos de uma vista californiana no verão. Além disso, aqui o artista se arrisca mais, se inclinando a batidas profundas e rimas ardentes entre o R&B e, agora, mais Hip-Hop. O single Icon, canção mais famosa de SYRE, representa isso muito bem, visto que, ali, Smith se propõe a falar do começo de sua carreira, enquanto batidas fervorosas prevalecem. “Comecei uma gravadora, MSFTS, acabei de começar (woo). Capa da Nylon, em cinco minutos, whoa”, ele canta em Icon.
SYRE tem uma narrativa que recorre a um personagem principal homônimo, que é interpretado pelo próprio Jaden. O protagonista percorre entre sentimentos de tristeza, angústia e raiva após um rompimento amoroso.
O álbum traz parcerias do cantor com A$AP Rocky e Raury, também ícones do rap, teve apoio de Kid Cudi, que fez uma aparição no clipe de Fallen., e é inspirado em The Life of Pablo, de Kanye West, e Blonde, de Frank Ocean. Os singles Batman e Watch Me também fizeram sucesso.
Em 2018, Jaden lançou sua terceira mixtape, a The Sunset Tapes: A Cool Tapes Story, que tem um nome similar ao seu primeiro trabalho. Esse fator é o que chega mais próximo ao álbum anterior, visto que aqui o rapper trabalha na mesma linha de SYRE, seguindo a identidade e os gêneros musicais adotados nele. A faixa SOHO é a mais conhecida do disco e mostra muito de Jaden no Hip-Hop, gênero que ele se tornou mais próximo em 2017, com seu trabalho antecessor.
Assim, Smith chega à ERYS, álbum que foi responsável por consolidar sua carreira. Com hits como Summertime in Paris, colaboração com sua irmã WILLOW, e On My Own, com Kid Cudi, Jaden traz mais dos tons vivos, voltados ao rosa, roxo, azul e laranja em seu conteúdo visual. Aqui, parece que essas tonalidades pertencem a ele. O cantor marcou o público com esse aspecto e teor; é sua marca. Além disso, aqui, o Hip-Hop e o Trap transitam entre o explícito, com batidas explosivas e versos ousados, e entre uma leveza de rimas e batidas. Isso pode ser notado entre a transição de Chateau, com A$AP Rocky, e On My Own, com Kid Cudi.
Além de ser sonoramente atemporal, ERYS também possui uma narrativa, como todos os outros trabalhos do cantor. O disco conta a história de um menino obcecado em perseguir o pôr do sol e isso, um dia, acabou o matando. ERYS seria uma parte de SYRE, agora ressuscitada. Ele é retratado como uma pessoa grosseira e mal-educada, o oposto do personagem de seu álbum de estréia. “Erys faz merda, nós administramos a cidade. Erys morre tarde da noite passada. A rua vai te comer se você deixar seu ego te derrotar”, conta em um verso da música ERYS, que prova da proposta.
Antes de lançar a versão completa, Jaden trouxe três singles em ERYS IS COMING, sendo elas: Pass, Beautiful Disruption e New Direction. No entanto, somente Beautiful Disruption entrou para ERYS. O disco, de 2019, com 20 faixas, também é mais comercial e contém, além desses, participações de Trinind James, Lido e Tyler, The Creator.
CTV3: Cool Tape Vol. 3, de 2020, chega com um tom mais Indie, mas não abandona o R&B. As batidas, aqui, são mais sonolentas e de “fim de festa”. São uma boa aposta e propõem algo totalmente diferente ao que Jaden tinha feito até então no que se diz sonoridade, porque, notoriamente, ele e sua estética rosada vão permanecer lado-a-lado, se é que já não se tornaram um só, o que, em termos narrativos, faz sentido. O álbum se passa antes de SYRE, quando Smith era adolescente, antes de chegar ao pôr do sol, como ele mesmo faz referência. “Ele era um menino perdido com ritmo. Coração partido, SYRE subiu”, canta em Rainbow Bap.
CTV3 também teve uma Tripper’s Edition, lançada em 2021, na qual Jaden anexou os singles BYE e Summer. Além disso, uma curiosidade é que a arte da capa do disco original é inspirada em Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles, álbum favorito de Jaden. Com seu deluxe, o projeto totaliza 19 faixas e contém canções com Raury e Justin Bieber.
Diante de projetos ousados e bastante enérgicos, é fácil de dizer que Jaden propõe versatilidade em sua discografia, apostando em dosagens de sub-gêneros distintos e introduzindo novos. Suas composições mostram mais da sua auto-estima e da sua história, bem como do seu passado, o que traz seus momentos de fraqueza, medos, sátiras, angústia, raiva e vitória. Ele não faz isso sozinho, visto que ama contar histórias e criar personagens para voltar caminhos que ele já percorreu. É complexo e interessante, não se perde em nenhum momento.