Pearl Jam — Dark Matter | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Pearl Jam — Dark Matter

Quatro anos após o esquecível Gigaton (2020), que enfrentou a pandemia e pareceu até ter uma temática intrincada com o lockdown, o Pearl Jam sai de trás das cortinas mais uma vez para mostrar ao mundo o seu novo trabalho: Dark Matter, lançado na sexta-feira (19) é o 12º trabalho de estúdio da banda de Seattle e conta com 11 músicas que transitam entre o conforto de quem já tem 34 anos de estrada e a gana de mostrar uma onda de mudanças que somente quem nasceu do grunge poderia.

Pouco antes do lançamento do álbum, Eddie Vedder declarou que achava esse o melhor trabalho da banda. Indiscutível como essas aspas poderiam ser traiçoeiras, já que o Pearl Jam brilhou, verdadeiramente, há muitos anos, com o grunge no auge e o lançamento de Ten (1991). Os veteranos eram meros novatos descobrindo-se no mundo da música e deixando sua marca permanente nos anais do rock ‘n roll.

Os singles lançados previamente, Dark Matter e Running, mostraram a pegada “de sempre” da banda, a sonoridade que sempre amamos ao longo das décadas, com um vocal rasgado de Vedder e uma guitarra afinadíssima o acompanhando a todo momento, bem como arranjos de bateria ritmados e insistentes – todas marcas clássicas do Pearl Jam.

A produção em Dark Matter é de Andrew Watt, o queridinho do momento, que já trabalhou com nomes como Rolling Stones, Iggy Pop, Ozzy Osbourne – todos dentro do gênero – mas também com popstars como Dua Lipa e Miley Cyrus. E foi ele quem encorajou que a estética mais clássica fosse revisitada, apesar de ser inegável que os temas destrutivos de Ten, Vs. e Vitalogy não estejam mais presentes. Comemoramos por isso, pois significa que a saúde mental da banda desponta para outra direção.

Isso era uma consequência direta do gênero em que eles se inseriram e cresceram: a marca registrada do grunge é justamente o negativismo traumático, bem como o desencanto com a sociedade como um todo. Já em Dark Matter, apesar da sonoridade mais pesada, as letras se concentram em temas como a ignorância e intolerância, e os versos mais explosivos são uma mera lembrança dos anos 1990.

A faixa de abertura, Scared of Fear, ressalta que o Pearl Jam precisa de pouquíssimos segundos para mostrar aos ouvintes o propósito do álbum e qual a linha que a obra vai seguir pelos próximos 48 minutos. As guitarras rasgadas de Mike McCready são a primeira aparição e quando Vedder inicia sua participação nos vocais, é impossível não surpreender-se com o fato de que, mesmo com o passar dos anos, sua voz continua melódica – apesar de não se encontrar no auge – e inesquecível: uma das mais autênticas do rock.

As primeiras músicas de Dark Matter seguem uma linha em comum que se repete ao longo de todo o disco – como um balanço entre o novo e o clássico. React, Respond é uma explosão punk muito característica do Pearl Jam, puxando a similaridade para os álbuns lançados mais para o final dos anos 1990 e início dos anos 2000. A variação de temas é como uma montanha-russa, desde raiva pura na faixa-título até o tom conciliatório de Got to Give. Já baladas como a Won’t Tell mostram um lado que vemos pouco na banda, mas não deixa de ser interessante ao analisar todo o conjunto da obra.

No início da carreira, a natureza sincera e sentimental do Pearl Jam servia como um subterfúgio injusto de zombaria contra eles. Ao longo dos anos, quando amadurecemos ao seu som, quando vivemos sentimentos que conversam conosco através das melodias da banda, é possível dizer que esse continua sendo um dos maiores trunfos do conjunto. Um homem que iniciou sua trajetória cantando sobre o progenitor que nunca conheceu, hoje, dedica uma música para a própria filha – como o pai que deu tudo de si por ela – em Something Special.

Dark Matter não é a segunda vinda de Ten, mas, como Gigaton, é uma estampa útil dos anos em que o grupo ajudou a definir o rock alternativo dos anos 1990. É um álbum que surpreende em certos momentos e que não falha em comover quando necessário. E, apesar das três semanas que foram necessárias para gravar o disco, as vivências que ele expõe precisam de uma vida inteira de reflexão.

Nota: 7.8

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