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Um novo sentimento para a música
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Apesar da chuva, Doce Maravilha impressiona com boa estrutura e excelentes shows em seu primeiro dia no Rio de Janeiro

Neste último sábado (25), se iniciou uma grande celebração da música brasileira. Com curadoria musical de Nelson Motta, o festival Doce Maravilha reuniu diversos artistas do país, trazendo apresentações com repertórios e arranjos singulares e explorando toda a brasilidade de maneira autentica.

Realizado no Jockey Clube Brasileiro, no Rio de Janeiro, o evento contou com uma enorme e muito bem pensada estrutura. Com previsão de chuva para todo o fim de semana, a organização não mediu esforços para fazer um evento seguro e confortável para além de todo e qualquer entrevero, especialmente possíveis problemas climáticos. Os palcos foram estrategicamente instalados em pontos opostos, facilitando assim a movimentação do público a cada show realizado. A sustentabilidade também foi um fator importante que norteou o festival a partir de ações como a separação de resíduos e envio para cooperativas de reciclagem; reaproveitamento dos materiais utilizados na montagem como lonas e madeiras; estímulo ao uso de copos retornáveis; captação de energia em placas solares; e compensação das emissões.

Foto: Thaís Barros/@speccula (Moodgate)

Ainda foi realizada a venda de um ingresso social, com um valor diferenciado onde uma parte da verba será destinada à apoiar o Instituto Vida Livre, o Instituto da Criança e também instituições do Rio Grande do Sul, que enfrenta uma das crises climáticas mais severas das últimas décadas.

E além de música boa, o Doce Maravilha trouxe um espaço gastrônomico com curadoria do chef Pedro Benoliel e uma edição especial da Junta Local.

Shows de sábado (26)

Diretamente de São Gonçalo, misturando o melhor da Black Music com a MPB, Os Garotin subiram no Palco Elo, bem no inicio da tarde, e colocaram geral pra dançar.

Foto: Thaís Barros/@speccula (Moodgate)

Apresentando um excelente repertório autoral com músicas do seu novo disco OS GAROTIN DE SÃO GONÇALO, os fãs se deixaram levar no swing envolvente da banda. E aos que não conheciam, foi momento para se deparar com uma grata surpresa musical. Certamente suas músicas serão incrementadas em novas playlists.

Ainda no Palco Elo, Letrux realiza sua apresentação pautada no álbum O Ultimo Romântico, do Lulu Santos. O disco de 1983, por si só, já representa uma verdadeira coletânea de sucessos que consolidaram o cantor, e sabendo explorar muito bem todas as nuances desta obra, Letrux entregou um show muito carismático. Músicas como Adivinha o quê, De repente California e Tão Bem, embalaram a plateia que compareceu em grande número para ver a cantora.

Para além da homenagem à Lulu Santos, Letrux realizou um show digníssimo de um festival de alto nível como esse, trazendo também seus merecidamente consolidados trabalhos autorais. E ela contou tudo de maneira exclusiva para a Moodgate:

https://twitter.com/Moodgate_/status/1794503880664879426

Partindo agora para o Palco Doce Maravilha, principal palco do evento, Jorge Aragão recebeu diversos convidados para uma roda de samba com muita diversidade musical e bom humor com as participações de BK’, Djonga, Ana Carolina, Negra Li e Xamã. Cada convidado cantou uma música própria e fez um dueto com uma canção pertencente a carreira de Jorge Aragão. Já é, Enredo do meu samba, Moleque Atrevido e Preto, cor preta foram alguns dos sons que fizeram parte desse repertório.

Com uma incrível presença de palco, Jorge Aragão conduziu o show sem muito esforço. Destaque para quando ele cantou Não Sou Mais Disso de Zeca Pagodinho. Foi uma apresentação sucinta, de quem sabe o que está fazendo e faz isso há muito tempo. Talvez não tenha encontrado o público mais fervoroso de todos, mas possivelmente a chuva ajudou a esfriar um pouco a galera no começo da apresentação. Contudo, foi bonito de ver as pessoas cantando, sambando, se abraçando e se beijando ao som das lindas letras do sambista. O show carregou essa inevitável emoção de nostalgia.

Na sequencia, no mesmo palco, Jorge Ben Jor. Soltando um clássico atrás do outro, o cantor com mais de 60 anos de carreira tem repertório pra sustentar uma apresentação de quantas horas se imaginar. Trazendo uma espécie de realismo mágico brasileiro em suas letras, Jorge Ben embalou o público carioca com Santa Clara Clareou, W / Brasil (Chama o síndico, Magnólia, País Tropical, Oba, Lá Vem Ela dentre outros sucessos não deixaram ninguém parado.

A experiencia de estar em um show do Jorge Ben é diferente. É possível sentir uma energia especial pairando no ar; é transcendental, pois se vive ali uma parte da história da música brasileira. Cada nuance de suas letras carrega particularidades muito específicas do Brasil. Se fala de lugares, sensações, experiências, expressões — tudo muito nosso. É uma sensação de pertencimento, e a lírica é tão mágica e criativa que aproxima a experiência de um sonho coletivo. Jorge Ben Jor é o Brasil das possibilidades.

Foto: Thaís Barros/@speccula (Moodgate)

Fechando a noite de sábado, uma apresentação com Criolo, Rael e Mano Brown. Intercalando suas músicas, o trio demonstrou grande sinergia no palco trazendo o rap na sua essência. Clássicos como Jesus Chorou e Mil Faces de um Homem Leal (Marighella) dos Racionais MC’s, cantados por Mano Brown, carregam em suas letras uma força e exposição da pesada e crua realidade. E todas cantadas de cor pelo público.

Criolo também é um daqueles artistas que sabe conduzir um show de forma harmoniosa para a plateia e também para quem está no palco junto a ele. É um domínio de palco muito grande. E com uma parceria dessas, fica ainda mais fácil. Destaque para Subirusdoistiozin que com sua batida envolvente fez o Doce Maravilha cantar e dançar com muita energia, mesmo já estando no final de um longo dia de festival. Rael também resgatou um de seus hits mais aclamados, Envolvidão, que para muitos que estavam ali, carrega sentimentos e lembranças da adolescência. E até para quem não curtiu essa época, ficou difícil não se deixar encantar por um ritmo tão contagiante.

Ao fim do evento, o público foi direcionado para as saídas do local, movimentação esta que ocorreu com muita tranquilidade. Alguns ainda aproveitaram os últimos momentos para uma saideira e até mesmo comprar uma lembrança na loja oficial.

O Doce Maravilha retorna agora no domingo com a promessa de ser, novamente, uma experiência inesquecível, independente das condições climáticas no Rio de Janeiro.

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lucaspiresj98@gmail.com

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