Planet Hemp - JARDINEIROS | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Planet Hemp – JARDINEIROS

“Quando o instrumento do medo não funciona, a gente adquire um poder inimaginável.” – YUKA, Marcelo.

Adivinha doutor, quem tá de volta na praça? Esse é provavelmente o retorno mais emocionante e esperado de 2022. Foram mais de 20 anos desde o último álbum e uma saudade daqueles que, como poucos, enfiam o dedo na cara de quem merece tê-lo enfiado.

Não sobram dúvidas a qualquer ouvinte que busca as letras das músicas de “A invasão do Sagaz Homem Fumaça”, “Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Para” e “Usuário” que o Planet Hemp é uma das bandas mais politizadas que chegaram ao midstream e mainstream da música brasileira (ainda que momentaneamente e por motivos controversos) e esse retorno só reforça ainda mais a importância desses caras na pista novamente.

A realidade do Brasil durante os primeiros anos do Planet Hemp não era muito diferente da atual. Um governo de pouco para nenhum interesse com o bem estar das camadas populares da sociedade e que governa atendendo a agenda dos mais ricos; país afundado em crises morais e econômicas e a guerra às drogas como instrumento para justificar matar e prender por raça e classe. Após 30 anos e ainda precisamos das vozes de D2 e BNegão para nos representar nessa luta pelos nossos direitos, não só o da legalização da maconha (um dos temas principais da banda).

Após uma forte mensagem do falecido e lendário Marcelo Yuka, em questão de segundos somos recebidos com “DISTOPIA”, single com a participação de Criolo, que trás uma importante mensagem traduzindo a situação atual que o país sobrevive e reforçando o lema “Repense! Reflita! Recuse! Resista!” batendo de frente com todas as ameaças à existência e injustiças cometidas pelo governo nos últimos anos. “Nunca foi fácil. Não é fácil pra ninguém. Mas se eles aguentaram, a gente aguenta também.” O discurso inspirador aqui presente também se repete na música “ELES SENTEM TAMBÉM”. Um reforço em tempos difíceis (principalmente tão perto de um dos dias mais importantes dos últimos anos).

Logo após, “TACA FOGO” também chega com um discurso de combate contra os ‘minions’, os instrumentos de lavagem cerebral da população e escancara a falta de investimento em condições mínimas para o bem estar da sociedade.

Se o lançamento foi um momento emocionante, “O RITMO E A RAIVA” é um momento emocionante à parte. Desde o fim da banda em 2003 e os distanciamentos, não sabíamos se veríamos novamente Black Alien cantando com sua ex-banda, e cá estamos com uma “canção biografia” contando a história do grupo e finalizando com um verso de Gustavo de Niterói.
Seguindo em tom autobiográfico, é importante jogar luz para “AINDA”, canção que conta com a produção da dupla lendária “Tropkillaz” que transforma esse discurso afirmativo numa sensacional música bem Miami Bass Vibes.

Como visto, é um álbum repleto de colaborações e algumas bastante diferentes entre si. “MEU BARRIO”, canção com viés de exaltação da cultura hip hop e de traços comuns dos países latino americanos, conta com o feat de Trueno, trapper argentino. Já a música “VEIAS ABERTAS” traz com a participação do grupo de eletrônica “Tantão e os Fita” para uma canção crítica sobre o imperialismo estadunidense e um sistema que só favorece os ricos ainda que custe o derramamento de muito sangue. “FIM DO FIM” apesar de não ter uma participação sonora, basta olhar nos créditos e o nome Rodrigo Lima (vocalista do Dead Fish) aparece na composição.

Além destas músicas político-combativas, é impossível separar o **Planet Hemp **da luta em prol da maconha, avessos à guerra contra as drogas, contra a hipocrisia conservadora e a indústria farmacêutica, e nesse álbum é claro que teríamos músicas dedicadas à esses temas como *“PUXA FUMO”*, *“JARDINEIRO”*, *“AMNÉSIA”*, *“REMEDINHO”*, *“PLANETA MACONHA*” e a surpresa do álbum *“ONDA FORTE”*, com samples da MC Carol de Niterói.

Um último salve aqui para a produção do disco que ficou por conta do NAVE BEATZ (Emicida, Marcelo D2, Flora Matos) e Mário Caldato (produtor do segundo e terceiro álbuns do Planet, e conhecido como “o quarto Beastie Boy” pela sua colaboração com o grupo de rap estadunidense, além de dezenas de outros nomes gigantes).

Muito obrigado por ter estado com a gente até aqui! Que esse álbum também te pegue de jeito como pegou a mim e muitos anos de vida ao Planet Hemp!

Até o próximo Review da Mood!

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Lucasrodrigues.sv@gmail.com

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